Samara Felippo fala sobre preocupações ao criar filhas negras, e revela episódio que a “tocou”: “Vivia na minha bolha branca”; assista


Necessárias! Samara Felippo participou da “Sexta Black”, do GNT, e em bate-papo com a ativista Luana Génot, falou bastante sobre os seus desafios, como uma mulher branca, para criar duas crianças negras. A atriz é mãe de Alícia, de 12 anos, e Lara, de 8, frutos de seu relacionamento com Leandro Barbosa.

A artista contou que, durante sua primeira gravidez, não pensou sobre como seria lidar com essa pauta. “Eu vivia muito na minha bolha branca, romantizada. Vivi durante muitos anos nessa bolha. Furá-la é muito difícil, requer informação, abrir mente, consciência. Acho que isso veio aos poucos, não foi uma chavinha que virou de repente. Na gravidez da Alícia, principalmente, eu nem pensava nisso“, disse.

Ela revelou, inclusive, que não tinha noção que iria parir uma menina negra. “É um assunto delicado de eu falar. A gente cresce tão racista, que eu lembro que tive a cesárea, e uma amiga minha disse que eu saí meio sedada, falando: ‘E o cabelinho dela, como é?’. Até onde vai o subconsciente, entranhado na gente. Eu nunca contei isso pra ninguém, é a primeira vez que tô abrindo“, relembrou.

Isso me tocou muito. O quão racista eu era, pra sair de uma sala de cirurgia, ainda em efeito de anestesia, preocupada em como vai ser o cabelo da minha filha. Isso diz muito sobre como eu fui criada. E nem culpo os meus pais por isso, porque também foram criados por pais racistas. Temos 400 anos de escravidão aí“, disse, relembrando que cresceu vendo novelas, filmes, programas, e grupos como as Paquitas (do programa da Xuxa), que eram predominados por pessoas brancas. Luana analisou como essa situação demonstra bem como o racismo é estrutural na nossa sociedade.

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Hoje em dia, as duas garotas já conseguem identificar comentários racistas. “Elas mapeiam na hora. A gente criou um canal no YouTube em que a gente brinca de aprender, eu junto com elas, ensinar por que mães alisam os cabelos de suas filhas pretas, como cuidar, que não dá trabalho, que tem uma ancestralidade nesse cabelo“, pontuou.

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Samara é mãe de Alícia e Lara. (: Reprodução/ YouTube)

Uma grande preocupação de Samara é que suas filhas tenham referências de pessoas negras em cargos de poder a sua volta, principalmente na escola. “Procurei saber se tinham pessoas negras como professores, diretores, não só a moça do cafezinho, não inferiorizando esse trabalho, mas preciso que minhas filhas vejam pessoas pretas ocupando cargos relevantes, uma equipe de pessoas pretas“, opinou.

Acho que é uma educação mais antirracista. Eu me orgulho muito desse lugar que tô me formando, batalhando, procurando, me reeducando. Não só por mim, mas por futuras mulheres que vão ocupar esse mundo“, afirmou Felippo. Mesmo assim, as meninas ainda relatam episódios de racismo que sofrem. “A Lara principalmente, em relação ao cabelo o tempo todo. Mínimas brincadeiras de tacar bolinha no cabelo. A criança não nasce racista, ela reproduz o que ela vê… Eu vou ter muita raiva, muito ódio, vou chorar muito. Mas saber o que elas estão passando, não. Só elas vão saber. Eu vou estar pra dar acolhimento“, refletiu.

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Como você prepara elas pra passar por tantas situações diante de um ambiente tão hostil, de racismo recreativo, do racismo estrutural?“, questionou Luana. “Eu espero prepará-las através do diálogo, através do não aceitar tudo, sempre duvidar, sempre questionar, sempre responder. Ao mesmo tempo que você precisa respeitar, impõe o seu respeito como mulher preta nessa sociedade. Não aceite menos do que amor e respeito na sua vida. Sonhe grande, sonhe alto. Sempre mostrando que elas pertencem a esse mundo, a essa sociedade“, respondeu a atriz. Que lindo! Assista ao vídeo na íntegra:

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