Absurdos de Hollywood… No último sábado (4), em entrevista concedida ao ‘The Guardian’, Angelina Jolie revelou detalhes sobre sua experiência horrenda com o ex-produtor Harvey Weinstein. O dono da ‘Miramax Films’, por sua vez, não deixou barato e respondeu às acusações da intérprete de “Malévola” por meio de seus representantes.
No comunicado emitido por seu assistente e divulgado pelo TMZ horas depois da entrevista da atriz, o ex-magnata do cinema, que atualmente está preso e cumprindo uma pena de 23 anos por estupro e agressão, negou as acusações. “NUNCA HOUVE uma agressão e NUNCA uma tentativa de agressão”, declarou. “É uma publicidade descaradamente falsa e indiscutível em troca de cliques”, continuou ele.
“Você é Angelina Jolie, todos os homens e mulheres do mundo, tenho certeza, mostram interesse em você. O mundo inteiro está atacando você?”, pontuou. “Está muito claro para mim que isso é para mais vendas do livro da Angie”, concluiu Weinstein, mencionando a obra literária de Jolie, “Know Your Rights: and Claim Them”, lançada no início de setembro.
Relembre o caso
Segundo relato da estrela – que em 2017 classificou as “investidas indesejadas” de Weinstein como uma “experiência ruim”, mas que agora as rotulou como uma agressão – o episódio aconteceu em 1998, quando ela tinha apenas 21 anos. O ataque teria ocorrido em um quarto de hotel, na época em que a jovem trabalhou no longa “Corações Apaixonados”, produzido por Weinstein.
Questionada pelo ‘Guardian’ sobre momentos em que foi desrespeitada na indústria cinematográfica, Jolie recordou o caso e pontuou que não havia considerado os avanços como agressão, pois, na época, conseguiu escapar. “Se você sair da sala, você acha que ele (Harvey) tentou, mas não tentou, certo? A verdade é que a tentativa e a experiência da tentativa são uma agressão”, explicou.
Mesmo relutante em detalhar o ocorrido, Angelina compartilhou partes da experiência, que chamou de “um abuso de direitos”. “Foi além de uma investida, foi algo do que eu precisei escapar. Fiquei longe e avisei as pessoas sobre ele. Lembro-me de dizer a Jonny (Lee Miller, ator britânico), meu primeiro marido, que era ótimo nisso, para espalhar a palavra para outros caras – não deixem as meninas irem sozinhas com ele”, relembrou.
Anos depois, os caminhos de Angie e Weinstein voltaram a se cruzar. “Fui convidada para fazer ‘O Aviador’, mas recusei porque ele estava envolvido. Nunca mais me associei ou trabalhei com ele”, acrescentou. No entanto, o abusador retornou à sua vida quando a atriz já estava casada com Brad Pitt. Isso porque, o então marido de Angie, mesmo sabendo de sua experiência traumatizante, trabalhou com o produtor no filme de Quentin Tarantino de 2009, “Bastardos Inglórios”, distribuído e co-financiado pela Weinstein Company.
“Foi difícil para mim quando Brad trabalhou com ele”, disse ela. A estrela alegou, ainda, que o ex-marido abordou Harvey para produzir seu filme de 2012, “O Homem da Máfia”, contra a sua vontade, o que causou muitos conflitos em seu relacionamento. A Weinstein Company acabou divulgando o longa, e Jolie evitou participar de eventos promocionais do filme. “Nós (ela e Brad) brigamos por isso. Claro que doeu”, lamentou a musa.
Embora relatos e acusações sobre o comportamento abusivo de Weinstein tenham vindo à tona desde os anos 1970, celebridades conhecidas por suas amizades próximas com o condenado – como o próprio Pitt, Olivia Wilde, Meryl Streep, entre outros – só começaram a condená-lo publicamente entre 2015 e 2017, época em que o movimento #MeToo, campanha contra a cultura do assédio sexual em Hollywood, se tornou popular e expôs muitos casos envolvendo Harvey.
Desde então, o ator parece ter mudado seu posicionamento, já que atualmente a Plan B Productions, empresa de Pitt, está trabalhando em um filme sobre os repórteres do ‘The New York Times’, Jodi Kantor e Megan Twohey, que ajudaram a derrubar Weinstein com o exposed de 2017 que venceu o Prêmio Pulitzer.