Em sua nova biografia, intitulada “My body”, a modelo Emily Ratajkowski acusou o cantor Robin Thicke de abuso sexual durante a gravação do clipe de “Blurred Lines”, de 2013. De acordo com os trechos divulgados pelo tabloide britânico The Sunday Times, Emily alegou que Robin estava embriagado no dia e “tocou os seus seios” enquanto filmavam. Agora, em entrevista ao Extra TV, a modelo falou sobre o assunto pela primeira vez.
“O que é frustrante é que eu não divulguei nada, isso vazou. Tem sido difícil para mim, eu realmente gosto de ter controle sobre minha imagem e escrevi este livro para compartilhar toda a história e todos os lados dela, e sinto que isso se transformou em um frenesi de clickbait [sensacionalismo] e todas as palavras repentinas como ‘abuso sexual’ e ‘alegações’ estão sendo jogadas ao redor em vez de pessoas lerem o livro propriamente dito”, disse.
Emily continuou, explicando por que espera que as pessoas leiam o livro completo: “Estou ansiosa para ver quando as pessoas serão capazes de ouvir as coisas em minhas próprias palavras. Tudo o que eu falo é sobre a evolução de minha política e não é uma grande revelação, não é uma coisa louca, é uma parte de um ensaio maior. Estou apenas entusiasmada para que as pessoas mantenham as nuances e entendam isso”, acrescentou.
Assista à entrevista original [o trecho em que Emily cita o livro começa em 00:40]:
As acusações
“Blurred Lines” é uma parceria de sucesso entre Thicke, T.I e Pharell Williams. Em “My Body”, que fala bastante sobre a exibição do corpo feminino, Emily Ratajkowski conta que aceitou participar da gravação do vídeo nua porque confiava na diretora, Diana Martel, mas as coisas começaram a “sair do controle” quando Robin Thicke chegou no set de gravações bêbado.
“De repente, do nada, eu senti a frieza e a estranheza das mãos de um estranho envolvendo meus seios nus por trás. Eu instintivamente me afastei, olhando para Robin Thicke. Ele deu um sorriu bobo e cambaleou para trás, os olhos escondidos atrás dos óculos de sol. Minha cabeça se voltou para a escuridão além do set. A voz [da diretora Diane Martel] falhou quando ela gritou para mim: ‘Você está bem?’”, diz o trecho divulgado pelo jornal britânico.
A modelo norte-americana também explicou que evita pensar nisso, por isso demorou tanto para acusar o artista, e queria proteger a reputação da diretora, que sempre tentou “manter um lugar seguro para as modelos”. Diana, inclusive, confirmou a versão de Emily em entrevista ao The Sunday Times. “Lembro do momento em que ele agarrou os seios dela. Um em cada mão. Ele estava de pé atrás dela enquanto os dois estavam de perfil. Eu gritei com minha voz agressiva do Brooklyn: ‘O que diabos você está fazendo, é isso! A sessão acabou!”, lembrou.
Ainda na biografia, a modelo admitiu que gostaria ter tido outra reação no momento: “Empurrei meu queixo para a frente e encolhi os ombros, evitando contato visual, sentindo o calor da humilhação bombear meu corpo. Eu não reagi — não realmente, não como eu deveria”. Até o momento, o cantor não se manifestou sobre as acusações de Emily.
A música
A canção “Blurred Lines” foi um dos maiores sucessos de 2013, impulsionou a carreira de Robin Thicke e o videoclipe em questão conta com mais de 760 milhões de visualizações no YouTube. No entanto, já na época do lançamento, tanto a letra quanto o clipe foram criticados pelas mensagens problemáticas a respeito de consenso no sexo.
Em 2018, Thicke e o produtor e compositor Pharrell Williams foram condenados a pagar US$ 5 milhões à família de Marvin Gaye, que abriu um processo por semelhanças da música com a faixa “Got to Give It Up”, de 1977.