Ruby Rose, atriz que interpretou Batwoman na série homônima do canal The CW, chocou o público nesta quarta-feira (20) ao denunciar uma série de abusos praticados por executivos durante as gravações da produção. A australiana foi anunciada como a personagem Kate Kane em agosto de 2018 e, em maio de 2020, avisou que não faria mais parte do programa. Ela, então, foi substituída por Javicia Leslie.
Em seu longo desabafo, Ruby pediu para que os fãs parassem de insistir por seu retorno à série e listou uma porção de motivos que a fizeram dar adeus ao projeto, após uma temporada. “Querida CW. Basta. Vou contar ao mundo todo o que realmente aconteceu naquele set. Eu vou atrás de vocês para que o que aconteceu comigo nunca mais aconteça com outra pessoa. E assim, poderei seguir com minha vida e com a verdade”, começou.
Na sequência, a artista se dirigiu a Peter Roth, ex-presidente da Warner Bros. Television Group, acusando-o de assédio e, ainda, de contratar um detetive particular para perseguir a artista. “Peter Roth, começarei por você. Não tenho certeza se você deixou o cargo depois de ser promovido à posição mais alta possível, porque não conseguia parar de fazer que jovens mulheres passassem suas calças, em volta da sua virilha enquanto você ainda estava usando, ou se saiu depois de colocar um detetive particular atrás de mim – que você despediu logo após saber que o descoberto por ele não se encaixava na sua narrativa”, disparou.
Rose, então, publicou algumas imagens de radiografias feitas por ela, para comprovar que sofreu sérios ferimentos nos sets de filmagem. De acordo com o relato, a atriz teve uma lesão no pescoço, um osso da costela partido ao meio e precisou passar por uma cirurgia de emergência na coluna. Peter a teria feito voltar ao trabalho somente dez dias após o procedimento.
“Para todos que disseram que eu estava muito ‘dura’ como a ‘Batwoman’… Imaginem voltar ao trabalho 10 dias depois disso – porque caso eu não voltasse, toda a equipe e elenco seriam demitidos e eu decepcionaria todo mundo, já que Peter Roth disse que arrumaria novos atores, ao invés de reescrever partes da história até que eu pudesse me recuperar, e que eu faria o estúdio perder milhões (por me machucar no set). Ou seja, que eu seria responsável por tantas pessoas perderem seus empregos”, desabafou.
A australiana também disse ter sido obrigada a cobrir cicatrizes de sua cirurgia para gravar um vídeo para a San-Diego Comic Con, justificando sua ausência no evento, ao qual foi proibida de ir. “Imaginem tocar um projeto pelo qual você é apaixonada, e ficar tão animada com a Comic-Con, mas depois ouvir que eles não ajustariam a programação para que eu pudesse comparecer… E ainda falaram: ‘Nós não vamos anunciar isso, você quem vai’. Eu cedi, queria fazer o que fosse preciso, mas aí me pediram para cobrir minha cicatriz… Agora vocês entendem por que eu postei o vídeo da minha cirurgia”, pontuou.
“Para encerrar, por favor, meus queridos, queridos fãs, parem de perguntar se eu voltarei para aquele programa horrível, eu não voltaria por nenhuma quantia de dinheiro, nem se eu tivesse uma arma apontada na minha cabeça. Eu também não desisti. Eles arruinaram Kate Kane e destruíram a Mulher-Morcego, não eu. Eu segui ordens, e se eu quisesse ficar, teria que assinar meus direitos”, comentou a artista.
Em seguida, Ruby citou uma série de acidentes vividos nos bastidores da produção por ela e outros funcionários: “Um membro da equipe teve queimaduras de 3º grau em todo o corpo e não recebemos apoio psicológico depois de testemunhar a queda de sua pele. (…) Eu tive um corte no rosto tão próximo do olho ao fazer uma cena, que poderia ter ficado cega. Uma mulher ficou tetraplégica e eles tentaram culpá-la por estar usando o telefone, tanto que CW nem mesmo a ajudou no início porque eles precisavam ‘investigar’ o caso, então ela teve que fazer uma vaquinha… Ela é uma assistente pessoal, ela trabalha no telefone. O acidente dela ocorreu porque nosso programa se recusou a parar quando todo mundo parou por causa da pandemia”.
Por fim, Rose também alegou que o então colega de elenco, Dougray Scott, machucou uma dublê feminina no set. “Ele gritou como um filho da p*ta com as mulheres e foi um pesadelo. Ele saía quando queria e chegava quando queria, abusava de mulheres e, eu, como protagonista da série, enviei um e-mail pedindo uma política de proibição de gritos, mas eles recusaram”, afirmou. Dougray deixou a série em junho deste ano, após participar de duas temporadas.
A emissora e os executivos citados por Ruby não responderam às acusações até a publicação deste texto.