Queda de câncer por HPV é resposta da vacinação contra o vírus

Queda de câncer por HPV é resposta da vacinação contra o vírus


Recentemente, um estudo publicado na revista científica The Lancet deu esperança ao cenário da saúde quando se fala em tratar o HPV. De acordo com a pesquisa, houve uma queda de cerca de 90% dos casos de câncer de colo de útero entre as vacinadas contra a doença. Nesse sentido, a queda de câncer por HPV promoveu ainda mais o otimismo e a confiança na imunização. Por outro lado, a questão também gerou novas dúvidas. Elas estão relacionadas com a vacina, a infecção sexualmente transmissível e até mesmo o estudo em si.

O motivo da insegurança é a falta de informação do público quanto ao vírus. Muitos se perguntam sobre o que ele é, quais são seus sintomas e como se proteger. Dessa forma, para entender mais sobre a queda de câncer por HPV e o HPV em si, torna-se importante conhecer suas características. Isso envolve o tratamento, como afeta os homens além das mulheres e tudo sobre a vacina do vírus no Brasil.

Seja como for, no estudo da queda de câncer por HPV, coletaram-se dados de mulheres de 20 a 64 anos, entre 2006 e 2019. Assim, tornou-se possível analisar os impactos do imunizante entre vacinadas e não vacinadas contra o HPV. A pesquisa teve base em diagnósticos de câncer de colo de útero ou cervical entre as participantes. Da mesma forma, detecções de alterações de células de colo de útero, que podem indicar uma possível fase pré-câncer, também entraram para os dados.

Os dois indicadores possuíram redução significativa depois do início do programa de imunização contra o HPV, ainda em 2008. Por exemplo, vacinadas de 12 e 13 anos, que hoje estão na casa dos 20 anos, apresentaram incidência de câncer cervical 87% menor que mulheres que não se vacinaram.

A queda de câncer por HPV

Da mesma forma, acredita-se que a faixa etária no exemplo possui maior relação com a eficácia da vacina por conta da baixa exposição ao HPV nessa idade. O vírus, afinal, tem transmissão por via sexual. E o câncer de colo de útero, que é o quarto tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil, está 100% relacionado ao HPV.  Mais de 16 mil brasileiras acabam diagnosticadas com a doença por ano, e cerca de 7 mil morrem. Já no mundo inteiro, são 342 mil mortes por ano, 90% delas em países de média ou baixa renda.

O HPV em si é comum e prevalente na população em geral. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), pelo menos 80% das mulheres e homens com vida sexual ativa serão infectados por algum tipo desse vírus na vida. Nesse sentido, em 2017, uma pesquisa do Ministério da Saúde descobriu que 50% dos jovens brasileiros tinham HPV. Esse é o segundo maior agente causador de câncer, perdendo apenas para o tabaco.

Assim, torna-se crucial vacinar tanto mulheres quanto homens para que seja possível ajudar a evitar não apenas a infecção, mas também a transmissão do vírus. Ele ainda proporciona lesões corporais que podem vir a se tornar câncer. Mesmo com a realidade do perigo do HPV, no Brasil, a adesão à vacinação é baixa. Ela possui recomendação para mulheres de 9 a 45 anos (exceto grávidas) e homens de 9 a 26 anos. Os números, porém, decepcionam, o que faz com que o problema esteja longe de seu fim.

O que é o HPV e quais são os sintomas

Queda de câncer por HPV é resposta da campanha de imunização contra o vírus

O HPV, sigla em inglês para papilomavírus humano, é na verdade um conjunto de vírus. Ele pode infectar a pele e a mucosa de algumas partes do corpo, tanto feminino quanto masculino. Nesse sentido, é possível citar a vulva, colo do útero, vagina, região perianal e pênis. De acordo com a Febrasgo, existem mais de 200 tipos de HPV. Cerca de 40 podem infectar o trato genital humano, e 13 são oncogênicos. Isso significa que possuem altas chances de desenvolver infecções frequentes, o que pode causar o câncer.

Dois tipos de HPV são responsáveis por aproximadamente 70% dos cânceres cervicais, bem como lesões cervicais pré-cancerosas: o 16 e o 18. Os tipos 6 e 11, por exemplo, não são oncogênicos, mas aparecem em 90% das lesões, como condilomas genitais e papilomas laríngeos. Tipos de HPV de alto risco de câncer podem levar ao surgimento de lesões graves. Contudo, existe prevenção para a doença em quase todos os casos, se houver identificação e tratamento das lesões o quanto antes.

Já as tais lesões pré-cancerosas e o próprio câncer em estágio inicial não possuem sintomas exatos. Todavia, à medida que a doença avança, pode haver sangramento, dor e corrimento. As infecções costumam ser transitórias e regredir de forma natural na maioria das vezes. Isso ocorre principalmente entre mulheres com menos de 30 anos. Além disso, de acordo com a OMS, infecções por HPV podem desaparecer por conta do sistema imunológico, mesmo sem intervenção externa meses após contrair o vírus. 90% delas somem em cerca de 2 anos.

Questões da doença

Mesmo com a possibilidade do desaparecimento de forma natural, ainda é essencial tomar cuidado. Nesse sentido, fatores como genética, imunidade e comportamento sexual podem aumentar os riscos de transmissão, bem como a persistência da infecção. Infecções persistentes tornam o vírus mais grave, o que possui relação com o sistema imune. Imunossupressão, como no caso de pacientes com HIV, transplantados renais, fumantes e quem utiliza corticoide possui maiores chances de contrair HPV, já que a imunidade é mais baixa.

Seja como for, o sexo ainda é a principal via de infecção. Contudo, ela também pode ocorrer por conta do contato direto com a pele ou a mucosa infectada. Além da região íntima que costuma ser afetada, a boca e a garganta também entram para a lista. Além disso, é possível que nem sempre o HPV cause verrugas ou lesões. Dessa forma, sem que hajam sintomas, o vírus ainda pode ter transmissão para o parceiro sexual sem que nenhum dos dois saiba.

No caso da presença das lesões, existem dois tipos: a clínica e a subclínica. A clínica possui manifestações visíveis, como verrugas conhecidas como “crista de galo”, de diferentes tamanhos, localizações e extensões. O diagnóstico ocorre durante exame clínico em consultas com médicos especializados na região íntima. Já a categoria subclínica exige exames laboratoriais, como a biologia molecular, o citopatológico e o histopatológico. Lentes de aumento também podem ajudar a visualizar as partes afetadas.

Prevenção do HPV

Queda de câncer por HPV é resposta da campanha de imunização contra o vírus

Apesar da questão da queda do câncer por HPV, o vírus não se resume ao câncer de colo de útero. Ele também está associado a outros tipos de câncer, como o de vulva, vagina, cabeça, pescoço e ânus. Para se prevenir desta e outras infecções sexualmente transmissíveis, antes de mais nada, é essencial usar preservativo durante o contato íntimo. Ele diminui a área de exposição, mas mesmo assim, a transmissão pode ocorrer mesmo sem penetração.

Dessa forma, além do uso de preservativo, vacinar-se contra o HPV segue sendo ainda mais importante. Isso deve ocorrer antes mesmo do início da vida sexual. Órgãos de saúde recomendam vacinação de mulheres de 9 a 45 anos, e homens de 9 a 26 anos. Para pacientes com HIV, oncológicos ou transplantados, também entre 9 e 26 anos. Exames de rotina preventivos, como o papanicolau, podem detectar lesões antes que elas se agravem, e também são cruciais para prevenir a doença. No Brasil, tais exames são gratuitos pelo SUS.S

Vacinação contra o vírus

Queda de câncer por HPV é resposta da campanha de imunização contra o vírus

No Brasil, existem duas vacinas disponíveis contra o HPV, ambas aprovadas pela Anvisa. São elas a bivalente, que serve para tipos de HPV de alto risco, como o 16 e 18, e a quadrivalente, para os tipos 6, 11, 16 e 18. O imunizante é oferecido de forma gratuita pelo SUS em duas doses com intervalo de 6 meses, para garotas de 9 a 14 anos e garotos de 11 a 14. Mulheres imunossuprimidas de até 45 anos e jovens com HIV-Aids também recebem a vacina de graça. Em clínicas particulares, para qualquer idade, a vacina custa mais de R$ 400,00.

Por outro lado, não se recomenda vacinar contra o HPV três grupos: quem apresentou anafilaxia na primeira dose, quem tem alergia a algum dos componentes do imunizante e, principalmente, mulheres grávidas. Na gravidez, a imunidade está diminuída, o que faz com que lesões do HPV apareçam naturalmente. Uma paciente pode ter HPV adormecido, e no processo normal de baixar a imunidade, alguma lesão pode surgir. A mãe ainda pode transmitir alguma condição para a laringe do recém-nascido, como a papilomatose laríngea recorrente.

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