A prefeitura de Conceição do Mato Dentro (MG) se pronunciou nesta sexta-feira (27) sobre o pagamento de mais de R$ 2,3 milhões em shows de artistas sertanejos na 32ª Cavalgada do Jubileu do Senhor Bom Jesus Do Matozinhos. O evento, que acontece entre os dias 17 e 23 de junho, vai contar com a participação de nomes como Gusttavo Lima, Bruno e Marrone e Israel e Rodolffo. Só o cachê de Lima custará R$ 1,2 milhão aos cofres municipais.
O dinheiro usado para pagar os shows é dos recursos da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem). Esse é um tributo pago por mineradoras a cidades em que têm atividade, mas ele deve ser destinado apenas para os setores da educação, saúde e infraestrutura, o que não é o caso da cavalgada.
Em nota divulgada ao portal G1, a administração do município defende a realização do evento e justifica dizendo que trará desenvolvimento econômico para a cidade. “Eventos que tragam melhoria na vida da comunidade e ou investimento para o desenvolvimento econômico da cidade, são gastos advindos do turismo, para atrair turista fazendo com que a cidade receba de volta o investimento em quase que na sua totalidade em geração de renda, seja no comércio local, nos meios de hospedagem, nos bares e restaurantes, postos de gasolina, padaria, aluguel de casas, locação de espaços públicos, dentre outros, impulsionando a diversificação da economia local”, explica.
Além dos cachês, ainda são esperados outros gastos com os artistas. No contrato de Gusttavo, por exemplo, é previsto que a prefeitura pague hospedagem de todas as 40 pessoas da equipe no melhor hotel da região, gastos com transporte e alimentação. De acordo com a administração, o evento irá atrair mais 20 mil turistas e retorno financeiro de mais de R$21 milhões. Conceição do Mato Dentro tem população estimada em 17.438 pessoas e orçamento anual de R$ 689 milhões.
O cantor sertanejo se pronunciou nesta quinta-feira (26) sobre o assunto. Em nota enviada à imprensa pela assessoria do artista, Gusttavo disse que o valor do cachê é fixado obedecendo critérios internos, baseados no cenário nacional e que não cabe ao artista fiscalizar as contas públicas.
A polêmica sobre os shows pagos com verba municipal teve início depois que Zé Neto, da dupla Zé Neto e Cristiano, criticou a Lei Rouanet em um evento bancado pela prefeitura. O Ministério Público de Minas Gerais já instaurou uma notícia de fato as despesas da cavalgada de Jubileu do Senhor do Bom Jesus do Matozinhos e irá apurar se será necessário abrir um inquérito.