“Caótico”, “tóxico”, “atmosfera de culto”: esses foram alguns dos termos usados para caracterizar o ambiente de trabalho na Yeezy, marca de Kanye West. Em um relatório montado pela Rolling Stone, novas alegações sobre condições abusivas de trabalho e demissões sem motivo vieram à tona.
Em um dos relatos, um ex-funcionário revelou que foi demitido depois de escutar músicas de Drake. Segundo o depoimento, o caso aconteceu em 2015, quando West estava prestes a divulgar sua primeira coleção. Ele se reuniu com sua equipe e, como de costume, colocou no alto-falante algumas de suas próprias canções. Após pedirem para trocar de música, o ex de Kim Kardashian escolheu randomicamente um empregado e perguntou o que deveriam escutar. “Eu pensei, ‘Oh, ele é um rapper, eu provavelmente deveria mencionar um pouco de rap’“, disse o homem, que optou por Drake. “Grande erro – no dia seguinte fui demitido“, afirmou.
Em outro momento, West supostamente disse a um funcionário do alto escalão que ele deveria se vestir “de acordo com a paleta ou de preto“, quando o homem apareceu com um suéter amarelo no trabalho. Em seguida, a empresa demitiu o funcionário, afirmou um executivo da Yeezy. Um caso parecido aconteceu com um designer, que foi forçado a deixar um compromisso profissional por estar usando uma camisa cinza. Até mesmo um funcionário sênior da Adidas Yeezy informou ter recebido uma diretiva de seu chefe para “ficar atento” ao que eles usavam depois de chegar ao estúdio trajando roupas “normais” – ou seja, que não eram parecidas com as da Yeezy.
Ainda de acordo com a revista, praticamente todas as fontes ouvidas da Yeezy, Adidas e Gap descrevem trabalhar para West como “um caos puro e absoluto“, além de comentarem sobre as exaustivas jornadas de trabalho. “Quando você trabalha com alguém com tanta visão e dinheiro, você realmente pode fazer uma mudança incrível“, disse um empregado, que caracterizou o trabalho como “o melhor e o pior emprego que já tive, concomitantemente“. “Tudo o que ele faz é uma bagunça gigante que consome todo o tempo das pessoas – apenas suga toda a nossa vida e, então, o resultado é deixado de lado em algum lugar“, concluiu.
“Nós [não] saíamos a menos que Kanye saísse. Ninguém queria que nada desse errado enquanto Kanye estivesse lá, porque, obviamente, seu trabalho poderia estar em perigo se uma mega-estrela estivesse por lá e a impressora não funcionasse“, revelou uma fonte.
“Não havia espaço para se ter uma vida“, apontou outra, acrescentando que eles sentiam que West “esperava que a equipe trabalhasse como ele trabalhava“. “Então, você tinha que estar sempre, sempre, sempre no trabalho“, concluiu. Além disso, a falta de pagamento regular também é uma crítica constante à companhia. Um antigo funcionário do local revelou, inclusive, que eles fizeram uma “mini-greve” até que os salários fossem regularizados. Duas fontes com conhecimento da situação atual da Yeezy dizem que ainda há colaboradores esperando para serem pagos.
Mais pessoas ainda reclamaram da falta de estrutura na organização da empresa. “Nós a chamávamos de ‘startup de um bilhão de dólares’ porque realmente parecia uma startup e uma bagunça“, comentou uma testemunha. Um dos primeiros funcionários da Yeezy lembra que Kanye trouxe grandes fabricantes de roupas, mas não deu a ninguém um papel muito definido. “Era apenas o puro caos. Não havia estrutura; ninguém sabia quem era o chefe, além de Kanye“, lembrou.
“O maior problema é que ele não parece ter pessoas no alto nível da parte operacional em quem ele confia. Sem o backbone operacional, nenhuma empresa pode realmente existir por muito tempo. Você não pode construir uma marca multibilionária sem um diretor de operações que permaneça no cargo por mais de seis meses… Ele precisa de profissionais que não deem a mínima para ele ser Kanye West“, opinou mais um.
Em outubro deste ano, depois do artista dar uma série de declarações antissemitas, a Adidas rompeu sua parceria com ele. Um ex-executivo sênior da Adidas com Yeezy disse à Rolling Stone, no entanto, que comentários preconceituosos eram algo que eles já haviam ouvido de West. Funcionários entrevistados pela CNN e pela NBC chegaram a declarar que West elogiava Hitler nos corredores da empresa. Desde então, o astro já perdeu mais de U$ 1,5 bilhão em acordos e parcerias.
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