Uma amiga próxima da rainha Elizabeth II deixou bem claro que não é fã de “The Crown“, da Netflix. Durante uma entrevista ao podcast “Woman’s Hour” da BBC, divulgada nesta quarta-feira (24), Lady Anne Glenconner criticou como a série cria um retrato “injusto” e impreciso da monarquia britânica.
Ela confessou que já tentou acompanhar o seriado, mas desistiu. Segundo Anne, a produção seria uma “fantasia completa”. “Eu não assisto a ‘The Crown’ agora”, afirmou. “Isso me deixa com tanta raiva. E é tão injusto com os membros da família real“, acrescentou ela.
Aos 90 anos, a senhora, que foi dama de honra na coroação da rainha em 1953, questionou como os telespectadores não conseguem distinguir ficção de realidade. “O problema é que as pessoas, especialmente nos Estados Unidos, acreditam completamente nisso”, reclamou.
No relato, Glenconner relembra um momento da atração que teria sido retratado de forma diferente de como se deu. A segunda temporada de “The Crown” abordou a morte da irmã do príncipe Philipe, Cecile, como sendo ligada ao marido de Elizabeth II. A jovem morreu em 1937 depois que o avião em que ela viajava para o Reino Unido caiu em Ostende, na Bélgica, devido ao nevoeiro. A sequência dá a entender que Cecile só embarcou no avião devido a um imprevisto com o irmão mais novo.
No entanto, segundo a amiga da rainha, o acidente não teve nada a ver com o pai do rei Charles III. “Foi uma mentira”, esclareceu. “Você sabe, pobre Príncipe Philip, eles o acusaram em ‘The Crown’… que sua irmã morreu… porque ele fez algo. Bem, quero dizer que isso é completamente falso. E eu acho que dizer algo assim sobre as pessoas é terrivelmente doloroso. Ninguém quer ter suas relações destruídas assim”, observou.
Outros momentos que teriam incomodado Lady Anne estão ligados à princesa Margareth. Em uma cena do terceiro ano do programa, a irmã da rainha aparece flertando com o então presidente dos Estados Unidos, Lyndon B. Johnson. O fato teria ocorrido em 1965, contudo a senhora garante que esse momento nunca aconteceu: “É claro que ela nunca fez isso”. Glenconner, que também é retratada no sucesso da Netflix, inclusive pontua que a cena na qual aparece discutindo os méritos de vários homens com a princesa Margaret também não foi baseada na realidade.
Por fim, ela revelou que a própria Helena Bonham Carter, atriz que interpretou Margareth na terceira e quarta temporadas do seriado, também ficou desapontada com seu papel no programa. A estrela teria visitado Lady Glenconner para se aprofundar na vida íntima de sua personagem. “Ela veio por cerca de duas horas. Disse a ela como a princesa Margaret fumava, como ela andava”, lembrou Glenconner.
Mais tarde, as duas teriam se reencontrado e lamentado o caminho que a série tomou: “Eu vi Helena depois que estávamos em The Crown e ela disse, ‘O que você achou?’ E eu fiquei tipo, ‘Bem, muito decepcionada.’ E ela ficou tipo, ‘Eu sei. Mas o problema é que eu sou uma atriz e tenho que fazer o que está escrito para mim”. Depois de Bonham Carter, Lesley Manville ficou responsável por viver Margareth no quinto ano da atração.
Após a morte da rainha em setembro, a Netflix concordou em adicionar um aviso de “dramatização ficcional” à produção. A penúltima temporada de “The Crown” chegou à Netflix este mês, em meio a críticas recentes feitas à série vencedora do Emmy. Anteriormente, a atriz Judi Dench, uma amiga próxima do rei Charles e sua esposa, Camilla, pediu ao serviço de streaming que emitisse o aviso “pelo bem de uma família e de uma nação recentemente enlutada, como uma marca de respeito”.
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