Nikola Mandela, neta do falecido ex-presidente Nelson Mandela, acusou o príncipe Harry e sua esposa, Meghan Markle, de “usar” o legado do líder sul-africano para “ganhar milhões“. Em entrevista ao jornal The Australian, publicada nesta quarta-feira (4), a escritora afirmou estar “profundamente magoada” com a atitude do casal.
Nikola se pronunciou dias após o lançamento de “Live to Lead”, nova série da Netflix encabeçada pelo duque e duquesa de Sussex. A produção reúne líderes “comprometidos em fazer a diferença no mundo“, que então compartilham suas histórias de vida inspiradoras.
No trailer, Harry e Meghan afirmam que a série foi inspirada por Mandela e então citam uma fala do político, o que não repercutiu bem com os familiares do falecido ativista. “Isso foi inspirado por Nelson Mandela, que disse uma vez: ‘O que conta na vida não é o mero fato de termos vivido. É a diferença que fizemos na vida dos outros que determinará o significado da vida que levamos‘”, recorda o casal.
Ao veículo, a neta de Mandela disse acreditar que o casal tem “segundas intenções“, pois usou o legado de seu avô como “uma forma de ganhar dinheiro“. “É como giz e queijo, não tem comparação”, apontou Nikola. “Eu sei que a Fundação Nelson Mandela apoiou a iniciativa [de Harry e Meghan], mas as pessoas roubaram citações do meu avô por anos e usaram seu legado porque sabem que seu nome vende – Harry e Meghan não são diferentes deles”, disparou.
A escritora também acusou os Sussex de aparentemente comparar seus desafios com a família real britânica com a vida do ex-presidente da África do Sul e sua luta pela contra o aparthaid. Ela classificou a atitude como “perturbadora” e ponderou que admira o príncipe pela “coragem” de romper com a instituição.
“Meu avô se rebelou contra um casamento arranjado para encontrar seu próprio caminho na vida. Mas isso tem um preço, você tem que financiar sua própria vida. Eu já fiz as pazes com as pessoas que usaram o nome do meu avô, mas ainda é profundamente perturbador e tedioso toda vez que isso acontece”, lamentou. “Harry precisa ser autêntico e manter sua própria história. Que relevância a vida do meu avô tem com a dele?”, questionou Mandela.
A série documental que causou as alfinetadas é, de fato, co-produzida pela Fundação Nelson Mandela, além de ser criada e dirigida por Geoff Blackwell e produzida pelo duque e a duquesa de Sussex. Ao longo de sete episódios, vemos cenas de quando o principal líder do movimento contra o apartheid na África do Sul saiu da prisão em 1990, bem como as histórias de Ruth Bader Ginsburg, Greta Thunberg, Gloria Steinem e outros nomes.
O tributo a Nelson, no entanto, não foi suficiente para aplacar a neta do político. “Não acredito que ele (Harry), nem Meghan tenham conhecido o meu avô. Talvez quando Harry era jovem no Palácio de Buckingham, mas eles estão usando suas citações no documentário para atrair pessoas e ganhar milhões sem a Família Mandela estar se beneficiando”, concluiu Nikola.
Harry, de fato, conheceu o líder africano. Em conversa com o Nelson Mandela Center of Memory, em 2015, o príncipe detalhou o encontro. “Tive a sorte de conhecer Madiba há vários anos e guardo essa memória desde então”, contou ele.
A inspiração para a produção surgiu em 2018, quando Blackwell e Ruth Hobday trabalhavam num projeto sobre Nelson Mandela. Segundo o diretor, o objetivo foi “honrar os valores de Mandela, trazendo à tona as histórias de líderes que se distinguem por sua coragem moral, a convicção de seus ideais e valores e sua priorização dos outros“.
“Live to Lead” está atualmente em streaming na Netflix. Confira o trailer abaixo:
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