Na manhã desta quarta-feira (3), após a Polícia Federal realizar buscas em sua casa, Jair Bolsonaro negou que tenha fraudado o seu cartão de vacina. Mais cedo, as autoridades prenderam seis suspeitos na Operação Venire. Um deles foi o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens e braço direito de Bolsonaro. O ex-presidente também confirmou que o seu telefone celular foi levado pelas autoridades.
“Não existe adulteração da minha parte. Não tomei a vacina. Ponto final. Em momento nenhum eu falei que tomei a vacina e não tomei”, afirmou. De acordo com a PF, no entanto, os dados da família Bolsonaro foram adulterados para que eles pudessem entrar nos Estados Unidos, para onde viajaram em 30 de dezembro, dias antes dele deixar o cargo no Executivo. Além do ex-presidente, o cartão de vacina de Laura, sua filha mais nova, também foi modificado.
Segundo o ex-presidente, a esposa se vacinou em 2021 durante uma viagem para os EUA. A filha Laura, de 12 anos, também não teria se vacinado. “O cartão de vacina da minha esposa também foi fotografado. Ela (Michelle) tomou a vacina nos EUA, da Janssen. E outra, minha filha, que eu respondo por ela, a Laura, de 12 anos, não tomou a vacina também. Tenho laudo médico no tocante a isso. Fico surpreso com a a busca e apreensão por esse motivo. Não tenho mais nada para falar”, disse ele.
Bolsonaro após operação: ‘Não tomei a vacina’. O ex-presidente ainda afirmou ‘Não existe adulteração da minha parte’
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Pelas redes sociais, Michelle Bolsonaro também demonstrou surpresa com as buscas em sua casa. Ela confirmou que foi a única da família a se vacinar contra a Covid-19 e negou que seu celular tenha sido levado. “Hoje a PF fez uma busca e apreensão na nossa casa, não sabemos o motivo e nem o nosso advogado não teve acesso aos autos. Apenas o celular do meu marido foi apreendido. Ficamos sabendo, pela imprensa, que o motivo seria ‘falsificação de cartão de vacina’; do meu marido e de nossa filha Laura. Na minha casa, apenas EU fui vacinada”, escreveu.
A operação
Segundo a GloboNews, as autoridades cumprem 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva em Brasília e no Rio de Janeiro. Os agentes investigam um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Jair Bolsonaro não foi alvo de mandado, mas deve ser chamado a prestar depoimento ainda hoje. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, dentro do inquérito das “milícias digitais”.
Além de Bolsonaro e Laura, Mauro Cid Barbosa, a esposa e a filha também teriam forjado os certificados de vacinação. As mudanças teriam sido feitas em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
“As inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários. Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid-19”, disse o trecho da operação obtido pela emissora.
De acordo com os policiais, Jair Bolsonaro e os demais envolvidos não queriam dar o braço a torcer sobre a eficácia da vacina: “Seria para manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, além de sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”.
As condutas investigadas pela Polícia Federal podem configurar crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores. Neste momento, todas as prisões já foram cumpridas.
Além do tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias João Carlos de Sousa Brecha, o policial militar Max Guilherme e o militar do Exército Sérgio Cordeiro também foram levados. Os dois últimos atuavam na proteção presidencial de Bolsonaro.