Nesta sexta-feira (29), o delegado Carlos Alfama, responsável pela investigação do caso de envenenamento em Goiânia, revelou mais detalhes sobre a ação de Amanda Partata. Segundo o policial, a substância usada para matar Leonardo Pereira Alves, e a mãe dele, Luzia Tereza Alves, foi entregue por um motorista de aplicativo. Apesar de não especificar a toxina, Alfama afirmou que o veneno era potente o suficiente para matar “um auditório inteiro”.
Os desdobramentos do caso foram revelados em uma coletiva de imprensa. Segundo informações do jornal Extra, o frasco de 100ml de veneno líquido foi entregue no dia 16 de dezembro, véspera do crime, por um motorista de aplicativo. O homem, que não teve sua identidade revelada, contatou a polícia após a repercussão do caso na imprensa.
“Esse motorista de aplicativo entrou em contato porque tem uma transferência da Amanda para ele na véspera do crime. [O motorista disse] ‘Ela me pediu para levar uma encomenda para ela no hotel que ela estava hospedada’. Essa caixa era de um produto de uma indústria química farmacêutica”, detalhou o delegado.
Após serem informados sobre a compra, a Polícia Civil goiana pediu a quebra do sigilo fiscal da acusada e encontrou, entre suas despesas, uma nota fiscal que esclareceu qual veneno foi utilizado para matar Leonardo e a mãe de 86 anos. Os dois eram pai e avó do ex-namorado de Amanda, o médico conhecido como ‘Leozinho’. A substância foi aplicada em grande quantidade em bolos de uma doceria famosa da região, que foram consumidos pelas vítimas num café da manhã com a advogada, no dia 17 de dezembro. Mesmo usada em pequenas doses, a substância é letal. Por não ter sabor nem odor, é impossível de ser percebida, revelou a perícia. Relembre o caso aqui.
Ameaças e conversas suspeitas
A advogada foi indiciada pelo assassinato de Leonardo e Luzia na semana passada. Segundo as autoridades, ela teria sido motivada pelo sentimento de rejeição após o fim do namoro de um mês e meio com Leozinho. Seu intuito era infligir “o maior sofrimento possível” ao ex-parceiro.
Prints de conversas entre os dois reforçam a teoria da corporação. Em bate-papo pelo WhatsApp, Amanda questionou Leonardo Filho qual seria o seu maior medo. “O mesmo de todo ateu. Adoro viver”, destacou o rapaz. “Morrer? Você tem mais medo de morrer que de perder (no sentido morrer) quem você ama?”, rebateu a suspeita.
Em outros prints, divulgados ontem (29), é possível ver as ameaças direcionadas a Leonardo Filho através de perfis falsos. O rapaz bloqueou mais de 100 números de telefone diferentes que ligavam para ele. Para “despistar” a família do ex, Amanda chegou a ameaçar a si mesma. “Você vai ver o que vão fazer com a sua namorada e o seu filho esse fim de semana. Você foi avisado”, escreveu um dos perfis. “Depois não adianta chorar em cima do sangue deles não”, destacou outro.
O romance entre ela e o filho de Leonardo acabou no dia 27 de julho, pouco mais de um mês desde que passaram a se relacionar. Desde então, ela estaria ameaçando o ex e seus parentes. A separação oficial ocorreu em 10 de agosto, quando ameaças começaram a chegar por meio de mensagens SMS e seis perfis falsos no Instagram. “A Polícia Civil investigou a origem dessas ameaças. A conclusão foi que os perfis que ameaçavam o filho da vítima eram provenientes da ex-namorada dele, Amanda Partata Mortoza”, disse Alfama.
Leozinho chegou a registrar um boletim de ocorrências sobre as ameaças, mas ainda não estava claro quem era o responsável pela perseguição. Questionada sobre o assunto, Amanda negou a responsabilidade, mesmo com o fato já tendo sido comprovado pelas autoridades. A Polícia Civil afirmou, ainda, que a advogada estaria fingindo uma gravidez para se manter próxima dos familiares do ex-namorado. Entretanto, um exame de sangue comprovou que não houve gestação alguma.
Motivação torpe
A investigação comprovou que Amanda comprou todos os alimentos, como bolos, pães de queijo e sucos, bem como uma orquídea para Luzia, avó do ex-namorado. Os alimentos foram envenenados após a compra. Ela ficou na residência das vítimas das 9h16 até às 12h daquele domingo (17). Após Leonardo e Luzia passarem mal, eles foram encaminhados ao hospital, mas morreram na madrugada de segunda-feira (18). A própria Amanda foi ao hospital no dia do crime, alegando que também havia ingerido os alimentos “estragados”. Seus exames não apresentaram alterações.
Partata foi detida no dia 20 de dezembro e permanece sob custódia das autoridades goianas. Na coletiva, Alfama destacou que “não faltam provas sobre a materialidade do crime” e, por isso, ela vai responder por três homicídios qualificados (dois consumados e uma tentativa), motivo torpe, e envenenamento. A tentativa de homicídio qualificado foi pelo o marido de Luzia, que também estava presente no encontro com a advogada. Ele não consumiu os doces envenenados pois é diabético.
O delegado destacou, ainda, a frieza da acusada durante os interrogatórios. No primeiro, ela disse precisar ir ao banheiro vomitar 15 vezes, fingindo um mal-estar. No segundo questionamento, ela teria ficado em silêncio e “não demostrou arrependimento”. Após a coletiva, a defesa de Amanda Partata se manifestou. Em nota, os advogados afirmaram que “aguardam os desdobramentos das investigações, cujo trâmite é sigiloso, para se manifestar quanto ao teor das imputações declinadas pela Autoridade Policial”.
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