Marielle Franco: STF quebra sigilo de documentos após prisão de suspeitos, aponta idealizadores e revela motivação para o crime; assista

Marielle Franco: STF quebra sigilo de documentos após prisão de suspeitos, aponta idealizadores e revela motivação para o crime; assista


Na tarde deste domingo (24), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), quebrou o sigilo dos documentos sobre os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, após expedir os mandados de prisão contra os principais suspeitos. Nas investigações, a Polícia Federal apontou que a morte da vereadora foi um crime idealizado pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e “meticulosamente planejado” pelo delegado Rivaldo Barbosa.

Enquanto os irmãos Brazão são tidos como os cabeças do crimes, Barbosa é suspeito de participar ativamente do plano e obstruir as investigações do caso. Conforme a PF, o delegado “foi o responsável por ter o controle do domínio final do fato, ao ter total ingerência sobre as mazelas inerentes à marcha da execução, sobretudo, com a imposição de condições e exigências”.

As investigações destacam, ainda, que Rivaldo deu uma “garantia prévia de impunidade” ao conselheiro do TCE-RJ Domingos e ao deputado Chiquinho (União Brasil). Com esta etapa do processo concluída, o próximo passo cabe à Procuradoria-Geral da República (PGR), que pode denunciar os suspeitos à Justiça. O trio foi para Brasília ainda hoje, e seguirá para a penitenciária de segurança máxima do estado. Todos negam as acusações.

Motivação

Em coletiva de imprensa realizada hoje, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que as investigações indicam que a regulação fundiária seria uma das motivações do crime. “Ela se opunha justamente a esse grupo que, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, queria regularizar terras para usá-las com fins comerciais, enquanto o grupo da vereadora queria utilizar essas terras para fins sociais, fins de moradia popular”, pontuou.

Como revelado pela Polícia Federal, Chiquinho e Domingos encomendaram a morte de Marielle por uma disputa de terras que envolvia interesses da milícia e grilagem. O órgão citou, ainda, que na delação de Ronnie Lessa, a execução da vereadora foi acertada em 2017. Ela teria “representado obstáculos aos interesses dos irmãos Brazão, no que diz respeito à exploração de áreas de milícias”Assista:

Confira o trecho da coletiva de imprensa:

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Delação premiada e promessas de loteamento

Os registros também trazem a delação premiada de Ronnie Lessa, executor do crime. Segundo relato do ex-policial militar, Barbosa exigiu que os disparos não poderiam acontecer na entrada ou saída de Marielle da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. “Tal exigência afastaria a hipótese de crime político e, por consequência, a atribuição da Polícia Federal para investigar o caso”, afirma o relatório da PF.

“Ronnie Lessa justifica que a carta branca outorgada por Rivaldo aos irmãos Brazão é uma forma mais segura de se cometer homicídios na capital fluminense, tendo em vista que o ajuste prévio tem o condão de evitar um ‘bote’, ou seja, extorsão decorrente de investigadores em face dos homicidas para que seus crimes não sejam devidamente investigados”, explica um trecho do documento.

Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa foram presos em operação realizada neste domingo (24) (Fotos: Reprodução/Globo)
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Na colaboração, Lessa afirma que foi procurado inicialmente por Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, para matar Franco. Em contrapartida, eles “ganhariam um loteamento a ser levantado nas imediações da rua Comandante Luís Souto, Tanque, no Rio de Janeiro”, citou a PF. Como dito, Franco defendeu que as áreas da região oeste do RJ fossem destinadas para fins sociais e de moradia popular. Os ideais foram contra o grupo político de Domingos e Chiquinho, que queria regularizar as terras para uso comercial.

O órgão pontua que Ronnie aceitou participar ao ver uma “boa oportunidade de negócio e se desgarrar da imagem de ser um mero sicário”. Ele e Macalé se encontraram na sequência com o assessor pessoal de Domingos, Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe ou Peixão, de acordo com a delação. Desde então, Lessa disse que passou a investigar a rotina de Marielle Franco e que pediu a Macalé uma nova reunião para tentar derrubar a exigência de Barbosa.



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