Cigana expõe motivação e como mulher escondeu cheiro de namorado morto no RJ: ‘Até urubu aparecia’

Cigana expõe motivação e como mulher escondeu cheiro de namorado morto no RJ: ‘Até urubu aparecia’


A cigana Suyany Breschak, que de acordo com a polícia ajudou a foragida Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, a planejar a morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, prestou depoimento às autoridades. Segundo ela, Júlia envenenou a vítima com um brigadeirão, e enrolou o corpo em lençóis e cobertores. A moça, planejava ficar na companhia do corpo por todo o fim de semana, enquanto se apossava de bens do empresário, e logo teria passado a buscar formas de ocultar o forte odor exalado.

De acordo com a cigana, um dia após o crime, Júlia ligou ventiladores na direção do sofá onde deixou o corpo, pois “estava fedendo demais“. O cheiro foi ficando forte de modo que até urubus passaram a aparecer na janela. A namorada do empresário então chegou a lavar todo o apartamento com água sanitária. No depoimento obtido pelo g1, Suyany afirmou que Júlia admitiu ter matado Luiz Marcelo envenenado. Ela teria colocado cerca de 50 comprimidos de morfina moídos em um brigadeirão para o empresário comer.

De acordo com depoimento, Júlia Andrade Cathermol Pimenta contratou os serviços da cigana para esconder da família que era garota de programa, A jovem, porém, passou a dever mais de 600 mil para a ‘mentora espiritual’ (Foto: Reprodução)

Júlia então teria ligado para a cigana e detalhado como se deu a morte. “Luís Marcelo começou a respirar de maneira ofegante, fez um barulho alto e, do nada, parou de respirar“, reproduziu ela. Apesar de todos os esforços da moça para despistar que mantinha um cadáver no apartamento, o forte cheiro acabou despertando reclamações dos vizinhos, que chamaram a polícia. Júlia conviveu com o cadáver durante todo o fim de semana, de acordo com a polícia para roubar a vítima. Ela tinha uma dívida de cerca de 600 mil com Suyany, por trabalhos e consultas da cigana.

No depoimento à polícia, a cigana afirmou que Júlia contratava seus serviços para esconder da família e de namorados que ela era garota de programa. Ainda de acordo com Breschak, a moça levou o carro do empresário, um Honda CRV, após matá-lo, para a Araruama, na Região dos Lagos. O veículo serviria para amortizar 75 mil reais dos 600 mil devidos por Júlia. O carro foi entregue a um ex-namorado da cigana, conhecido como Vitor.

A cigana Suyany Breschak foi presa em Cabo Frio na terça-feira (28), acusada de envolvimento no crime (Foto: Reprodução)

Segundo a cigana, o rapaz vinha fazendo ameaças e cobrando dinheiro dela. Vitor foi preso por receptação, quando a polícia o flagrou com o carro, o celular e um computador de Luiz Marcelo Antônio Ormond.

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Relembre o caso

Júlia Andrade Cathermol Pimenta é suspeita de matar o namorado envenenado e passar dias convivendo com o corpo da vítima dentro do apartamento em que ele morava no Engenho Novo, Zona Norte do Rio de Janeiro. O corpo do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond foi encontrado já em estado avançado de decomposição.

As imagens do circuito interno do prédio mostraram os últimos momentos em que ele aparece com vida. Ormond está acompanhado da namorada, no elevador. Ele carrega um prato e a mulher oferece uma cerveja. Depois disso, os dois se beijam.

Minutos depois, o casal entrou de novo no elevador. Desta vez, Ormond já não parecia estar bem. Ele se apoiou no espelho e fechou os olhos. Em seguida, começou a tossir sem parar. O registro foi feito às 17h do dia 17 de maio. O empresário foi encontrado morto três dias depois. Veja o vídeo abaixo:

Júlia é a principal suspeita do crime. De acordo com a polícia, ela teria planejado o envenenamento do namorado. Além disso, ela teria convivido com o cadáver durante todo o fim de semana com o intuito de roubar a vítima. No dia 18 de maio, Júlia apareceu no elevador sozinha. Ela foi até a garagem e colocou itens no porta-malas do carro do namorado por cinco minutos. Em seguida, ela saiu com o carro da vítima.

Na manhã do dia seguinte, a suspeita foi até a academia do prédio para malhar. No dia 20 de maio, ela apareceu novamente no elevador com dois celulares. Cerca de uma hora depois, ela já está na portaria, com uma mala e duas bolsas. Júlia foi embora, mas só depois de esperar o cartão da conta conjunta que abriu com Ormond chegar no prédio.

O laudo aponta que a morte do empresário aconteceu entre três e seis dias antes de ser encontrado. A necropsia não determinou a causa da morte. Contudo, a perícia identificou uma pequena quantidade de líquido achocolatado no sistema digestivo da vítima. A polícia informou que o homem comeu um brigadeirão envenenado, que possivelmente era o que ele segurava no elevador.

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Ainda de acordo com as investigações, Júlia foi até uma farmácia e pediu medicamento de uso controlado nove dias antes da última imagem do namorado com vida. O analgésico forte foi encontrado na cena do crime. Júlia prestou depoimento à polícia e disse que Ormond serviu o café da manhã dela na manhã do dia 20 de maio. Porém, segundo a necropsia, isso seria impossível.

“É um caso aberrante porque evidencia extrema frieza. Ela teria permanecido no interior do apartamento da vítima, com o cadáver, por cerca de três, quatro dias. Lá, ela teria dormido ao lado do cadáver, se alimentado, ela teria inclusive descido para a academia, se exercitado, retornado para o apartamento onde o cadáver se encontrava”, disse o delegado Marcos Buss, da 25ª DP (Engenho Novo).

Também existem indicativos de que Suyane Breschak participou do crime. Ela se apresenta como cigana e é mentora espiritual de Júlia. Em depoimento, Suyane revelou que a suspeita devia a ela um valor de R$ 600 mil em consultas e trabalhos espirituais. “Deveria pagar R$ 600 mil pelo acúmulo de orientações e sessões e trabalhos. A informação que temos é que a Júlia já vinha efetuando pagamentos mensais em torno de R$ 5 mil para quitar essa dívida”, declarou o delegado.

A cigana Suyany Breschat no momento em que foi presa. (Foto: Reprodução/ g1)

Suyane foi presa nesta terça-feira (28), em Cabo Frio, na Região dos Lagos, e transferida nesta quarta-feira (29) para o Rio de Janeiro. O advogado de Suyane, Cleison Rocha, alegou que ela é inocente e está sendo acusada injustamente. “A Suyane trabalha com cartas e búzios, e a Júlia se consultava apenas com a Suyane. Não são amigas, elas têm apenas uma relação profissional”, disse ele. Júlia, por sua vez , permanece foragida. A polícia analisa o crime como premeditado.

“Nos parece que ela já estava dopando ele há algum tempo e em determinado momento resolveu ceifar a vida dele para poder colocar em prática o plano criminoso e atingir o objetivo, que seria pegar os bens dele”, contou o delegado. Um cartaz foi divulgado pelo Disque Denúncia para obter informações que possam levar à localização e à prisão de Júlia.

Cartaz do Dique Denúncia com o pedido de informações da suspeita do crime. (Foto: Divulgação)



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