Uma criança de quatro anos levou para a escola cerca de 20 papéis de cocaína escondidos na mochila, nesta sexta-feira (21), em Itamonte, no sul de Minas Gerais. Segundo a coluna de Ulisses Campbell, do jornal O Globo, ela distribuiu a substância para os colegas “como se fossem balas de coco”.
O caso ocorreu na Escola Municipal Mariana Silva Guimarães e assustou uma população local, que conta com aproximadamente 14 mil habitantes. A Polícia Civil mineira está encarregada das investigações.
Conforme os funcionários da instituição, oito alunas abriram as embalagens entregues pela menina e colocaram o conteúdo na boca, acreditando que era doce. Todas teriam cuspido o pó branco após perceberem o gosto ruim e avisaram à professora. A docente foi quem encontrou os papéis nos pertences da criança.
À polícia, ela disse que estava dando aula quando uma das alunas reclamou que “a coleguinha tinha lhe dado um papelzinho e que estava ruim”. A menina foi conduzida até a sala da coordenação, onde supostamente disse que retirou a droga da mochila do pai. Ao todo, 16 papelotes com cocaína foram identificados, sendo sete lacrados e nove parcialmente consumidos. A substância estava entre a mochila da menina e a carteira onde ela se sentava. Somente depois do exame pericial, a PC confirmou que a droga era cocaína.
De acordo com a coluna, as 18 crianças da sala de aula foram imediatamente encaminhadas ao Hospital Municipal de Itamonte. Todas foram examinadas, e amostras de urina foram enviadas ao Laboratório Oswaldo Cruz, em Taubaté (SP). “Fiquei desesperado, mas consegui levar todas as crianças para o hospital. O importante é que todas elas passem bem”, declarou o prefeito da cidade, João Pedro (Podemos).
Antes da chegada da Polícia Militar, a escola telefonou para os responsáveis, solicitando que comparecessem ao local com urgência. Segundo relatos, o pai da menina que levou a droga foi o primeiro a chegar. Porém, ele teria deixado o local rapidamente ao ser informado da situação, sem prestar esclarecimentos. A PM foi acionada e constatou que o homem já possuía três antecedentes criminais na delegacia da cidade por tráfico de drogas.

O tenente Adenilson de Oliveira Rocha, comandante da Polícia Militar em Itamonte, afirmou o pai da menina conseguiu resgatar parte da droga antes da chegada das autoridades. No entanto, ele não descobriu que o restante ainda estava na sala de aula. Ao voltar para casa, ainda teria visto que a filha levou mais papéis do que ele havia conseguido recuperar.
Segundo a PM, a coordenadora pedagógica da escola relatou que, antes da chegada dos policiais, o pai da criança foi até a instituição de ensino, pegou um papelote que estava com ela e deixou o local. O Conselho Tutelar foi chamado e as conselheiras foram desacatadas por um tio da menina, que foi buscá-la. Ele foi detido depois e levado até a delegacia, onde assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) para então ser liberado.
O que diz a família?
Em entrevista a uma página de notícias local, a avó da criança duvidou da versão apresentada pelas autoridades. “Quero que provem que a minha neta levou cocaína para a escola. Cadê as câmeras? E se essa droga já esteve lá? E se nem for cocaína? E se meu filho for inocente?”, questionou.
O Polícia Militar de MG, por sua vez, garantiu não ter dúvidas de que uma substância levada para a escola é cocaína. A corporação segue em diligência para localizar o pai da menina. Ele é considerado foragido por crimes de tráfico de drogas e por colocar em risco a integridade de menores. A identidade do suspeito foi omitida para preservar a menor de idade envolvida na ocorrência.
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques