Nesta segunda-feira (30), a Rádio Bandeirantes de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, decidiu cancelar o programa “Hora Israelita”. A determinação veio após uma declaração chocante da comentarista Deborah Srour sobre a guerra entre Israel e Hamas. A atração saiu do ar após 77 anos.
Em uma transmissão do início deste mês, a profissional disse que “Israel tinha de lidar com eles [palestinos] como animais” e afirmou que o ataque do exército de Israel contra a Faixa de Gaza poderia ser “mortífero”, já que “não há civis inocentes do lado de Gaza”. O comentário repercutiu negativamente entre muitos espectadores, o que fez com que a empresa embargasse a programação. Ainda hoje, o Ministério da Saúde do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, informou que o número de palestinos mortos desde o início da guerra subiu para 8,3 mil.
Em um comunicado divulgado no Facebook, o “Hora Israelita” confirmou o fim da parceria com a Rádio Bandeirantes. “No momento que o povo judeu passa pelo período mais grave desde o Holocausto, na manhã de sábado (28/10), fomos informados pela emissora Bandeirantes de Porto Alegre, em uma reunião online com três membros da sua direção local, que o programa Hora Israelita não poderá mais ser transmitido pela emissora, rompendo o contrato. Em razão dos comentários de uma de nossas correspondentes, cuja opinião é pessoal, a emissora justificou a rescisão contratual de forma unilateral”, informou o texto.
Já a emissora também se posicionou sobre a situação e repudiou as falas da profissional. “A Rádio Bandeirantes de Porto Alegre reitera, de forma enfática, seu compromisso inabalável com a responsabilidade jornalística e os princípios democráticos que regem o exercício da comunicação. Programas, mesmo que independentes e de responsabilidade de terceiros, devem observar e cumprir esses princípios e se responsabilizar pelos conteúdos que veiculam os quais não têm a ver com a liberdade de imprensa que tanto prezamos. Nossa emissora repudia, por parte de qualquer um, qualquer forma de discurso de ódio, preconceito e desinformação, conforme prega nossa Constituição”, esclareceu a nota.
Apesar das críticas, Deborah usou suas redes sociais para reforçar o ponto de vista. Através de um novo vídeo, ela apontou que a atitude da Band é uma “ação remanescente dos anos 1930 da Alemanha” e condenou o cancelamento do programa. “Para mim, o termo sionista é uma medalha de honra. Sou 100% judia e sionista, para quem não sabia. […] Como qualquer pessoa normal, expressei minha opinião de que Israel deveria exterminá-los. Sim, eu disse que na minha opinião não há inocentes em Gaza”, concluiu.
Em resumo: ela disse o que disse, e reiterou o que disse. Pra justificar, leu um trecho aleatório de um profeta achando que isso a livrará dos pecados. Os pecados eu deixo com a outra dimensão, mas aqui na Terra: essa pessoa vai apenas perder um programa de rádio? E a Lei? pic.twitter.com/D74sedYW2g
— Leandro Demori (@demori) October 30, 2023
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques