O galerista norte-americano Brent Fay Sikkema, assassinado em 14 de janeiro dentro de casa, no Rio de Janeiro, deixou US$ 1 milhão (quase R$ 5 milhões) para um ex-companheiro em um novo testamento. De acordo com o jornal O Globo, o homem que Brent beneficiou no documento é de um relacionamento anterior ao casamento com Daniel Garcia Carrera — apontado como mandante do assassinato da vítima. O documento foi alterado em maio de 2022.
Antes da alteração, Carrera era o maior beneficiário da herança da vítima. À época, o casal passava pelo processo de divórcio, e Sikkema retirou o ex-marido do testamento. Os investigadores acreditam que o suspeito de ser o mandante do crime não tinha conhecimento da modificação no documento.
Com a mudança, Carrera foi totalmente excluído do testamento, segundo a polícia. “Além disso, ele tentava esconder dois imóveis para não entrarem no litígio de divisão de bens do divórcio. Brent tentava provar que ele havia comprado os imóveis e que Daniel teria colocado em nome de parentes, enquanto Daniel queria que isso ficasse escondido”, disse o delegado Rômulo Caldas.
Até então, Carrera seria o responsável pela gestão de bens do galerista, função que foi passada para um amigo de infância de Sikkema, que mora em Nova York.
O crime e as investigações
Brent Sikkema, sócio de uma renomada galeria em Nova York, foi encontrado morto no dia 15 de janeiro, em sua residência, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. O corpo apresentava 18 perfurações por arma branca, e foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML) para necrópsia.
As câmeras de segurança registraram a entrada e a saída de um homem na residência, durante a madrugada. Informações de testemunhas também ajudaram na identificação. A Polícia Civil realizou um trabalho intenso de inteligência e monitoramento, que a ajudou a descobrir o paradeiro do suspeito. No dia 18 de janeiro, o cubano Alejandro Triana Prevez foi preso e declarou à polícia que agiu a mando do ex-marido da vítima. De acordo com ele, Daniel teria prometido uma quantia de US$ 200 mil (quase R$ 1 milhão na cotação atual) para a execução do crime.
À polícia, o cubano contou que Carrera, ao supostamente lhe encomendar o assassinato de Brent, reclamou do valor da pensão paga pelo galerista. Ele destacou que o ex-marido “gastava muito dinheiro com drogas, festas e garotos de programa”. Ainda conforme Prevez, Daniel também manifestou preocupação com o novo relacionamento de Brent com “um uruguaio ou um paraguaio”, o que poderia prejudicar a divisão dos bens no divórcio.
As suspeitas sobre o ex-marido surgiram no início do caso, já que desde o ano passado, Sikkema e Daniel travavam uma batalha judicial em torno do divórcio e da guarda do filho de 13 anos. Daniel exigia R$30 milhões e uma pensão para que o galerista visse a criança, revelou a Folha de S. Paulo na época.
A Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pediram à Justiça, a prisão preventiva de Daniel. Inicialmente, o caso era tratado como latrocínio ou roubo seguido de morte, mas Alejandro declarou não ter pego nada da casa de Brent. Agora, o cubano deverá responder por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Daniel, por sua vez, pode vir a cumprir pena nos EUA.
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