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[ALERTA DE SPOILER: O texto abaixo contém detalhes de “Pedaço de Mim”] “Pedaço de Mim”, a nova série nacional protagonizada por Juliana Paes e Vladimir Brichta, já se tornou uma das produções mais assistidas da semana na Netflix. É claro que Bruno Rocha, o Hugo Gloss, não perdeu a oportunidade de bater um papo com os atores, que abriram o jogo sobre o que mais os surpreendeu na trama. Paes reforçou como o tema da trama é atual, enquanto Brichta confessou que chegou a levar situações do enredo até mesmo para a terapia!
Ao longo dos episódios, a produção acompanha a vida de Liana (Paes), uma mulher que sonha em ser mãe e finalmente transforma isso em realidade. Entretanto, ela vê sua vida virar de cabeça para baixo quando, após descobrir a infidelidade do marido, ela sofre um estupro que resulta numa gravidez. O que Liana não imaginava é que ela viveria uma “raridade científica” e ficaria grávida de gêmeos de pais diferentes. Assista ao trailer abaixo:
Questionados sobre suas reações às reviravoltas dignas de “novela mexicana” da série, Juliana confessou que a temática lhe soou como algo que inacreditável. “A primeira reação foi achar uma ideia incrível, o plot inicial. Essa coisa da superfecundação heteroparental, no primeiro olhar você acha que é impossível. ‘Não, mas pera aí, isso é uma ficção. Isso não é um drama da vida real’. E é! Então, a primeira reação foi achar um grande ganho essa história tão mirabolante, que na verdade é passível de ser um drama da vida real. Acho que esse é o primeiro impacto”, declarou a atriz.
Brichta também não escondeu o choque, já que nunca tinha ouvido falar sobre a superfecundação heteroparental, que é o que acomete Liana. A condição ocorre quando dois óvulos do mesmo ciclo menstrual são fecundados por espermatozoides de homens diferentes. “Eu tive a mesma reação. Quando o [diretor] Maurício Farias me ligou antes de eu ler mesmo, ele me contou a história. Ele já começou contando isso e eu falei: ‘Uau… é possível um negócio desse?’. Você imagina que é ficção científica, né? E foi uma coisa que depois eu até elaborei. Eu falei: ‘Rapaz, como é que ninguém pensou?’. Porque o que é uma troca de bebês na maternidade comparado com uma superfecundação?”, disparou.
O ator destacou que o material chega a se equiparar com os dramas abordados em outras produções feitas para a TV aberta: “É muito drama e muito melodrama, sabe? Tem muito do folhetim mesmo. Claro que só hoje, como Juliana falou mais cedo, só hoje, a ciência é capaz de fazer o DNA e descobrir isso antes. Uma coisa que é óbvio, ou seja… Na década de 50, quando se escrevia grandes novelas, também, não se podia fazer esse exame e detectar. Mas enfim, esse foi o primeiro choque. Eu falei ‘uau!’. Mas daí sai muita coisa. E de fato, esse é o plot inicial, mas tem muito desdobramento e são muito bons. E são inúmeros também. Então eu também me dei conta de que seria uma série muito dinâmica. E fiquei muito feliz com o convite a partir de Maurício. E, é claro, para a Netflix junto com a Fábrica, que é um parceiro também de longa data meu”.
Juliana observou que o aspecto quase de “ficção científica” da história foi somente um dos atrativos do roteiro. “Mas esse é só o plot inicial, entendeu? Claro que… Toda temática que vem depois, a maternidade, todo o machismo que ela tem que enfrentar depois dessa situação, diante dessa situação. A temática, também muito sensível, do abuso, do abuso sexual, tudo isso, tudo o que vinha depois, todos os desdobramentos também eram muito interessantes e estavam muito bem colocados no roteiro. À medida que a gente não conseguia parar de ler porque a cada episódio, e isso a gente promete, a cada episódio, tem um plot muito legal, tem aquele ‘e agora?’”, destacou.
As surpresas dos atores não pararam por no âmbito científico da trama. Vladimir também acabou se chocando com o rumo que seu personagem, Tomás, tomou na história. “Eu acho também [que o Tomás] é um personagem muito complexo. Ele tem uma coisa machista, posso dizer, muito forte nele. (…) Cara, foi difícil [entrar no personagem]. Foi difícil. Eu entendi, ele é uma figura machista, uma figura mimada, uma figura cheia de privilégios. Um homem rico, branco, heterossexual, sudestino. É o cara que tá tendo o privilégio do que a gente conhece aqui no Brasil. E pra ele é muito difícil, portanto, se colocar no lugar do outro, o cara é muito egoísta. Isso eu entendi e não me parecia difícil dar conta dessa faceta desse personagem”, refletiu o ator.
“Eu tinha uma dificuldade em uma coisa que eu não vou poder falar agora, (…) mas assim, tendo alguns desdobramentos do personagem que foram difíceis de eu compreender, de eu me convencer de que aquele era um caminho lógico para ele, não para mim. Talvez eu tenha tido dificuldade, porque no fundo a gente fica buscando a nossa lógica. Mas eu, de fato, tive uma certa dificuldade”, confessou Brichta.
Apesar de não entregar o que “lhe tirou do eixo” em relação ao enredo, o ator confessou que ficou tão impactado que buscou ajuda para lidar com isso. “Fiz uma coisa que eu não costumo fazer, levei pra terapia. Ele [o terapeuta] me deu um calhamaço, rapaz, de matéria, de pesquisas e estudos psicológicos, de personagens que passam por coisas parecidas, inclusive em inglês. O que foi bom, porque eu exercitei meu inglês. Mas foi ótimo. Porque de fato eu falei: ‘Tá bom, é possível’. As situações… Precisa ter algum tipo de trauma nesse sentido”, destacou ele.
Em meio à divulgação da série, a discussão sobre a legalização do aborto, assédio sexual e vítimas de estupro ganhou força. Isso porque o projeto de lei que equipara a punição para mulheres que fizerem aborto legal após a 22ª semana de gestação à pena para homicídio avançou no Congresso. Questionada sobre o assunto, Juliana Paes lembrou que, em um ponto da série, sua personagem chegou a considerar tal opção, e reforçou a relevância da trama no momento em que vivemos.
“Foi uma coincidência, assim… A gente já gravou há bastante tempo, ninguém estava falando sobre essa PEC, e aí, toda a discussão veio na semana em que a gente começou as divulgações pro lançamento. Então a gente falou muito sobre isso com os jornalistas e de fato, na série, a Liana chegou a pensar em abortar um dos bebês e ficou claro que ela teve essa escolha. Então, tempos depois de ter gravado isso, a gente se vê numa situação em que queria se pensar que a mulher não ia ter a escolha ou essa escolha ser questionada. Foi realmente muito chocante. É como voltar no tempo. Então, para a gente, ficou mais claro ainda o quão importante é a gente falar sobre abuso, sobre as escolhas, sobre autonomia sobre o corpo feminino”, refletiu.
“Então fez mais sentido ainda para a gente toda essa discussão, depois dessa situação toda com a PEC. E mostrou que ‘Pedaço de Mim’ é uma série atual, envolvente e que está retratando uma realidade de várias pessoas que estão vivendo isso aí, ao mesmo tempo que a gente está discutindo aqui, e está acontecendo com muita gente”, concluiu.
Além de Juliana Paes e Vladimir Brichta, o elenco também conta com Paloma Duarte, Felipe Abib, João Vitti, Jussara Freire, Martha Nowill e Antonio Grassi. O papo completo com os protagonistas você confere abaixo:
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