Os donos de uma funerária se declararam culpados por abuso de cadáveres depois que dezenas de corpos em decomposição foram encontrados no estabelecimento, localizado no Colorado, nos Estados Unidos. Segundo informações do The New York Times, Jon e Carie Hallford davam concreto seco às famílias dos mortos no lugar de cinzas.
O crime foi descoberto em 2023, entretanto, a dupla foi levada a julgamento na última sexta-feira (22). Eles aceitaram enfrentar de 15 a 20 anos de prisão após assumirem o crime no Tribunal do Condado de El Paso, conforme informou o promotor público do 4º Distrito Judicial do Colorado, Michael Allen.
De acordo com as autoridades, 191 corpos em decomposição foram encontrados dentro de duas instalações da Return to Nature Funeral Home, em Penrose e no Colorado Springs. O mau cheiro fez com que os vizinhos desconfiassem do casal e acionassem a polícia, em outubro do ano passado. Jon e Carie foram presos em novembro. Já a sentença está marcada para abril.
A funerária anunciava às famílias que seus entes queridos seriam sepultados de maneira ecológica, com o uso de caixões, cestos ou mortalhas biodegradáveis. Contudo, além do concreto, eles também forneciam corpos errados para os sepultamentos. Alguns dos corpos encontrados eram de pessoas que haviam morrido em 2019, informaram as autoridades.
“Ele ficou no canto de uma geladeira inoperante, despejado do seu saco de cadáver, durante quatro anos“, lamentou David Page, parente de uma das vítimas, falecida em 2019. Para esconder os corpos, o casal impedia que estranhos entrassem nas instalações, cobria as janelas e mentia sobre a origem do odor.
“O impacto sobre esses membros da família foi imenso“, comentou Allen, relembrando que a descoberta dos cadáveres foi uma cena “horrível”. Ele acrescentou que os Hallfords enganaram famílias enlutadas e que ter “alguém violando essa confiança é algo do qual essas pessoas provavelmente nunca se recuperarão“.
Jon e Carie também se declaram culpados em um tribunal federal, em outubro deste ano, por conspiração para cometer fraude eletrônica ao desviar mais de 800 mil dólares, cerca de 4,6 milhões de reais, em fundos de auxílio à pandemia de Covid-19 da Small Business Administration, segundo o Departamento de Justiça do Distrito.
Em vez de usar o dinheiro fornecido pelo governo ou pelos clientes para enterrar ou cremar os corpos, os dois gastaram o valor em viagens, joias da Tiffany & Co e itens da Amazon, conforme os registros judiciais, obtidos pelo The New York Times. Para este caso, a sentença está prevista para março do ano que vem. “Os Hallfords receberam mais de 130 mil dólares de vítimas por serviços de cremação ou sepultamento, que nunca foram realizados“, concluiu a acusação federal.
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