Sincerona! Taís Araújo participou do “Roda Viva” desta segunda-feira (8), em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, e abriu o coração sobre vários assuntos de sua vida. A atriz revelou que pensou em se separar do marido, Lázaro Ramos, durante esse período de isolamento social. Ela ainda comentou sobre a preocupação em manter referências negras para seus filhos, e falou sobre momentos difíceis que passou com a rejeição do público com seu trabalho na novela “Viver a Vida”.
A artista falou que seu casamento ficou bem abalado nesses últimos tempos. “Olha, nossa relação melhorou depois de ter piorado muito. Primeiro ela piorou muito durante a pandemia. Muito, sério. [Chegamos] a ponto de falar: ‘Cara, não vai rolar. Quero mudar com meus filhos para um apartamento de dois quartos’. Fiquei seriamente imaginando como seria, porque achei que não ia rolar mesmo“, relembrou.
Segundo ela, o trabalho reconectou os dois, mas eles precisaram se organizar para que cada um tivesse seu tempo livre. “A gente entendeu que 24 horas estavam muito pesadas, quando a gente reconectou, era assim: ‘Eu preciso ficar duas horas no quarto, você fica com as crianças?’. Aí eu ia, ou então ele ia“, explicou.
Taís ainda ponderou sobre o fato de seu relacionamento ser visto como referência pelo público e da pressão de seguir como o casal perfeito. “Eu me coloco muito à prova em relação ao meu casamento. O tempo inteiro eu peso o quanto eu amo o Lázaro mesmo e o quanto eu sou refém de uma relação midiática. E eu posso dizer que eu sigo amando“, declarou.
“Nossa relação melhorou depois de ter piorado muito. […] E aí o trabalho reconectou a gente”, diz @taisdeverdade sobre o casamento com o também ator Lázaro Ramos. #RodaViva pic.twitter.com/lWRhRfosCo
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Em 2009, Taís foi escalada para viver a primeira Helena negra de Manoel Carlos, na novela “Viver a Vida”. O resultado, porém, não saiu como esperado, e o trabalho recebeu muitas críticas do público, situação que abalou muito o psicológico da atriz.
“Eu estava numa areia movediça, num limbo. Eu tinha muita expectativa. Minha e dos outros. A partir do momento em que eu estava ali, protagonista da novela das oito, Helena do Manoel Carlos, eu achava que ia resolver o problema das mulheres brasileiras. Eu pensei: acabou! Eu, como essa protagonista negra, dando certo, virão várias protagonistas negras. Eu jurava que era isso, que era a chave da mudança. E não foi. O tamanho da minha expectativa foi o tamanho da minha frustração. Gigante“, relatou.
“E eu tive críticas muito severas e muitas críticas muitos dias durante muito tempo. Novela das oito é igual Copa do Mundo porque todo mundo é técnico. Eu ficava tão chateada porque se espalhava na rua. Eu estava uma vez tomando sorvete com minha amiga e passou uma mulher e falou: ‘posso falar com você?’. E eu falei: ‘pode’. E ela disse: ‘quando você falar o seu texto, pensa no que você tá falando’. Eu já estava numa m*rda, muito abalada emocionalmente, e vem uma pessoa… e eu fui entrando nesse buraco“, relembrou.
A atriz diz que, depois de todos esses anos, já se “perdoou” pelo episódio. “Não era minha culpa. Acho que é uma coisa muito egóica minha de achar que uma novela inteira ia dar errado por causa de uma pessoa. Com 300 pessoas envolvidas. Acho que era uma novela tinha muitos problemas e eu era um desses problemas“, assumiu.
“Analisando de fora, eu acho que o Manoel Carlos foi super vanguardista nessa novela, porque eu lembro que ele falou no início: ‘você acha que tem que justificar a origem dela, por ela ser uma modelo, falar que ela era pobre?’ E eu falei que não. Ele também falou que não. Só que era um país que a gente estava achando que o Brasil era o Leblon do Manoel Carlos. E não. A gente pode muito analisar o Brasil a partir dessa novela: pra uma mulher negra ter destaque social, você tem que justificar de onde ela veio, de que buraco ela veio pra merecer estar aí“, apontou ela.
Primeira Helena negra em uma novela de Manoel Carlos, @taisdeverdade fala no #RodaViva sobre a experiência. Confira! pic.twitter.com/6Hmo8uPB1y
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Taís comentou também sobre a criação dos filhos, e como acha importante que eles tenham referências negras, mais do que ela teve na época em que era criança. “Eu podia contar nos dedos de uma mão os alunos negros da escola na Barra da Tijuca, com pessoas que tinham muito mais dinheiro do que meus pais… Os meus pares, parecidos comigo, estavam limpando a escola. Então, de alguma maneira, tinha um recado ali dizendo: ‘Você não pertence a esse ambiente escolar’“, relatou sobre sua experiência em uma escola de classe alta, no Rio de Janeiro.
Apesar dos pequenos João Vicente, de 10 anos, e Maria Antônia, de 6 anos, estudarem em um colégio moderno e com políticas anti-racistas, as crianças já começaram a enfrentar o racismo no dia a dia. “A minha filha já veio falando pra mim que um amiguinho falou do cabelo dela. Aliás, essa história é linda“, começou a atriz.
“Lá em casa tem muito livro infantil com temática negra. Meu filho passou, ouviu (a irmã contando que riram do cabelo dela) e me jogou um livro sobre cabelo. Enquanto ela tava contando. Ele me socorreu! Eu peguei o livro e achei uma coisa muito bonita deles dois, ele já entendendo isso. Então, eles já passam por isso”, continuou.
“Eu encho meus filhos de referências. Hoje em dia, a literatura negra é vasta, os desenhos, as séries. Então eles veem tudo isso. A música, minha filha é alucinada pela Iza. Então eles consomem muita cultura negra. Eles estão criando essa base, esse estofo“, afirmou.
“Eu encho meus filhos de referências. […] Eles consomem muita cultura negra, e é isso: eles estão criando essa base”, diz @taisdeverdade no #RodaViva. pic.twitter.com/4XH7u5ieKa
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