Recentemente, chegou ao Brasil um novo método contraceptivo hormonal, o DIU Kyleena, fabricado pela farmacêutica Bayer. Em suma, se trata de um DIU hormonal no formato de T. Cuja pronúncia correta é cailina. Ademais, ele libera um hormônio chamado levonorgestrel, que é um tipo de progesterona.
Atualmente, no Brasil existem apenas dois tipos de DIUs hormonais, o Mirena, e agora a Kyleena. Sendo que ambos tem uma validade de 5 anos. No entanto, o Kyleena foi projetado em um tamanho reduzido, cerca de 25% menor do que o Mirena. Dessa forma, ele se adéqua melhor em mulheres que possuem o canal cervical mais estreito, facilitando a inserção.
Como em casos de mulheres que ainda não tiveram filhos ou adolescentes que o útero é pequeno, por exemplo. Outra vantagem do novo DIU é que é um contraceptivo de baixa dose hormonal. Por isso, causa menos efeitos colaterais, tais como, tonturas, ganho de peso, diminuição da libido ou mudanças de humor.
Portanto, é um método ideal para aquelas mulheres que buscam por um contraceptivo eficaz, seguro, de longa duração e com baixa quantidade de hormônios.
DIU Kyleena: o que é
Trata-se de um método contraceptivo que é inserido dentro do útero, no endométrio, cuja inserção pode ser feita em consultórios, centro cirúrgico sob sedação ou logo após o parto (vaginal ou cesárea). Ademais, DIU significa dispositivo intrauterino, também chamado de sistema intrauterino (SIU).
Enfim, o DIU Kyleena é apresentado no formato de T e libera uma pequena quantidade de progesterona continuamente. Além disso, tem como principais características:
- Libera uma quantidade de hormônio menor em comparação a outros DIUs, causando menos efeitos colaterais.
- Possui tamanho menor, o que faz com que sua inserção seja mais confortável. Além disso, é ideal para mulheres com o útero pequeno.
- Seu aplicador é mais fino, proporcionando um maior conforto e comodidade durante a inserção.
- Também possui um anel de prata, o que permite que seja visualizado mais facilmente durante o exame de ultrassonografia.
Como funciona
Em suma, o DIU Kyleena funciona liberando pequenas quantidades do hormônio levonorgestrel diariamente no útero. Dessa forma, o método age:
- Aumentando o espessamento do muco presente no colo do útero. Consequentemente, isso impede a entrada dos espermatozoides no útero.
- Causa o atrofiamento do endométrio, o que dificulta a implantação do embrião.
- Provoca um processo inflamatório no endométrio, semelhante ao que acontece com o DIU de cobre.
Por fim, o DIU Kyleena não impede a ovulação, da mesma forma que o Mirena não impede. Portanto, sua eficácia está em impedir que os espermatozoides entrem no útero.
Vantagens e desvantagens do método
Entre as principais vantagens do DIU Kyleena como método contraceptivo estão:
- Devido ao seu tamanho reduzido, é ideal para ser usado por mulheres com úteros pequenos e por adolescentes.
- Em algumas mulheres, o método interrompe a menstruação;
- Alivia a cólica menstrual.
- Possui um dos maiores índices de eficácia entre todos os contraceptivos.
- Após ser inserido no útero, possui validade de 5 anos.
- A mulher volta a ser fértil assim que o DIU é retirado.
- Pode ser usado durante a amamentação.
- Indicado para mulheres com alto risco para trombose, o que não é o caso das pílulas anticoncepcionais.
Por outro lado, assim como qualquer método contraceptivo, o DIU Kyleena também tem algumas desvantagens. Tais como:
- Assim como qualquer outro tipo de DIU, o Kyleena também pode gerar certo desconforto durante a inserção ou remoção do útero.
- Não está disponível na rede pública de saúde.
- Pode ocorrer sangramentos imprevisíveis, principalmente, durante os primeiros 6 meses após ser colocado.
- Causar dores de cabeça ou acnes em algumas mulheres, devido ao hormônio liberado.
- Pode perfurar o útero, porém, é algo muito raro de acontecer.
- Em alguns casos, o DIU pode se deslocar ou ser expulso do útero. Portanto, precisa de acompanhamento médico.
- É um método contraceptivo. Mas, não protege contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Por exemplo, HPV, Sífilis ou HIV (AIDS).
Por fim, o método é contraindicado em casos de:
- Gravidez
- Malformações no útero. Por isso, é importante fazer uma ultrassonografia antes de colocá-lo.
- Infecção aguda no útero ou nas trompas.
- Corrimento vaginal no dia da inserção do DIU.
- Sangramento vaginal de causa desconhecida.
- Infecção pós-parto ou aborto infectado nos últimos 3 meses.
- Tumor maligno no colo uterino ou no útero.
- Tumores dependentes de progesterona.
- Doenças hepáticas agudas ou casos de tumores no fígado.
Diferenças entre o DIU Kyleena e o Mirena
Em suma, tanto o DIU Kyleena, quanto o Mirena são dispositivos intrauterinos hormonais. Cuja função é tornar o ambiente hostil à fecundação, evitando assim a gravidez. Além disso, ambos liberam lentamente o mesmo hormônio (levonorgestrel) no útero ao longo do tempo.
De acordo com especialistas, apenas o já tradicional Mirena é indicado para tratar mulheres com sangramento menstrual intenso ou para a reposição hormonal. Além disso, as diferenças entre o Kyleena e Mirena estão no tamanho e quantidade de hormônio liberado.
Enquanto que o Mirena mede 32 mm de comprimento, por 32 mm de largura e 1,9 mm de espessura. O Kyleena mede 30 mm de comprimento, 28 mm de largura e 1,55 mm de espessura. Dessa forma, o Kyleena é mais adequado para mulheres que têm o útero pequeno.
Pois, ao usar um DIU maior, a mulher pode sentir desconforto e cólica. Da mesma forma, quando o DIU é grande alguma haste pode penetrar no miométrio, perfurando parcialmente o útero.
Outra diferença nos DIUs é a quantidade de hormônio no interior de cada um. Sendo que, o Mirena possui 52 mg de hormônio armazenado em seu interior. Cuja taxa de liberação diária é de 20 mcg por dia. Já o Kyleena possui apenas 19,5 mg de hormônio armazenado, liberando 17,5 mcg nos primeiros 24 dias após sua inserção. No entanto, após 60 dias, a taxa cai para 15,3 mcg. Todavia, o fato de possuir uma taxa de liberação de hormônio menor não reduz sua efetividade como método contraceptivo.
Portanto, para mulheres com maior sensibilidade a progesterona, o DIU Kyleena é mais indicado. Pois, os efeitos colaterais são menores. Por fim, a eficácia de ambos contraceptivos é muito elevada, com um índice de falha de 0,2% ao ano.
Passo a passo para a colocação do DIU Kyleena
Para entender melhor como é o passo a passo para a inserção do DIU Kyleena, primeiramente, você precisa fazer uma consulta ginecológica para uma avaliação e aula de contracepção. Dessa forma, o ginecologista vai fazer um ultrassom transvaginal, coleta de papanicolau, além de outros exames.
Em seguida, com o resultado dos exames, é feito agendamento para a colocação do DIU. Sendo que, o período mais adequado para colocar ou remover o DIU é durante os sete primeiros dias do ciclo menstrual. Sendo que, o ideal é quando a mulher estiver menstruando. Pois, é quando o útero está mais aberto, o que facilita sua inserção.
Além disso, um creme vaginal anestésico pode ser usado antes da inserção para evitar que a paciente sinta dor ou desconforto. No entanto, o procedimento também pode ser feito no centro cirúrgico com sedação. Que tem uma duração de 5 minutos.
Ademais, um ultrassom é feito logo após a inserção do contraceptivo para observar se está posicionado no lugar certo. Normalmente, o ginecologista corta o fio do DIU com uma distância de 1,5 cm do colo uterino. Contudo, caso seja um local que não tenha ultrassom, o médico precisa averiguar o tamanho do fio, para confirmar se a distância continua a mesma.
Por fim, após o próximo período menstrual, é preciso realizar outro ultrassom para averiguar se o DIU não se deslocou. Pois, é após a primeira menstruação que o DIU costuma se deslocar do lugar. Dessa forma, caso não esteja no lugar certo, o médico pode reposicioná-lo utilizando uma pinça (histeroscopia) ou retirar o DIU e colocar outro.
Dúvidas sobre o método
O DIU Kyleena altera o fluxo menstrual?
De acordo com a Dra. Paula Giani Fonseca, ginecologista e obstetra do Instituto Madrecenter, em Brasília. O DIU Kyleena pode reduzir o fluxo menstrual, fazendo com que o ciclo dure menos dias e com menor intensidade. Além de reduzir as cólicas. Porém, ele não faz com que a menstruação pare totalmente.
“O DIU hormonal não é uma promessa de ausência de menstruação, é uma possibilidade. Quanto menor a taxa hormonal, menor é a chance da paciente parar de menstruar”, explica a Dra. Paula Giani.
O método incomoda durante a relação sexual?
Normalmente, o DIU não incomoda, no entanto, é possível que o parceiro sinta a ponta do fio que fica no colo do útero.
“Quando isso acontece e, caso seja o desejo da mulher, é possível a cortar fio ou escondê-lo no colo do útero”, afirma a ginecologista.
Quais os efeitos colaterais causados pelo DIU Kyleena?
Os DIUs hormonais podem provocar dores de cabeça, nas mamas, alteração da libido, surgimento de espinhas, retenção de líquido ou sangramentos. Principalmente, nos primeiros meses após sua inserção, podendo reduzir os efeitos colaterais depois de 4 a 6 meses.
Por outro lado, pelo fato do Kyleena possuir uma quantidade menor de hormônio, os efeitos podem ser mais brandos com relação ao Mirena.
Hormônio x sem hormônio
Por fim, segundo a ginecologista, Dra. Paula Giani Fonseca, antes de decidir pelo modelo, você precisa entender quais são suas reais expectativas e necessidades.
Dessa forma, você pode optar entre um DIU hormonal, que além de prevenir gravidez, também ajuda no controle de sangramentos. Ou um DIU sem hormônios como os de cobre ou prata e cobre, ideal para mulheres que tem contraindicação ao hormônio.
Enfim, em caso de dúvidas, o ideal é que você procure um especialista para saber mais sobre os benefícios e desvantagens de cada um.
Então, se você gostou dessa matéria, também vai gostar dessa: DIU Mirena: o que é? Dúvidas mais comuns, vantagens e desvantagens.
Fontes Bibliográficas:
- http://solmedicamentosespeciais.com.br/ginecologia/diu-kyleena-diu-mirena/
- Bula fornecida pelo fabricante do Sistema Intrauterino (SIU) Kyleena;
- Avaliação de diferentes medicamentos para redução da dor durante a inserção de dispositivos intrauterinos: uma revisão sistemática e uma metanálise. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30611553/;
- Esclarecimento do papel do SIU – LNG 13,5 mg Jaydess® e do SIU – LNG 19,5 mg Kyleena® como sistemas contraceptivos intrauterinos. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28675069/;
- Sistemas intra-uterinos liberadores de levonorgestrel como contraceptivos femininos. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29637798/.