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Treta de veteranos! Após 47 anos na TV Globo, Stênio Garcia foi demitido da emissora em 2020. Em entrevista ao Notícias da TV, publicada neste sábado (21), o ator revelou que recebeu a notícia por WhatsApp e apontou o que seria uma “perseguição” por parte de Silvio de Abreu. O dramaturgo, por sua vez, rebateu as acusações e afirmou que isso não passava de uma história “completamente falsa”.
Por conta da pandemia da Covid-19, a mensagem sobre o fim do contrato chegou no celular da esposa de Stênio, Marilene Saade. Com isso, o ator teve de deixar a emissora sem a despedida que esperava. “Acho uma pena, porque me sinto com fôlego ainda para trabalhar algum tempo. Eu gostava de trabalhar na emissora. Não tinha a menor noção de que teria uma perseguição individual sobre isso, só soube depois”, afirmou.
Segundo ele, essa perseguição teria sido feita por parte de Silvio de Abreu, que atuava como diretor de Dramaturgia da Globo na época. “Foi por uma razão meio boba. Minha mulher tinha falado mal do Silvio de Abreu no Instagram. Eu acho que qualquer pessoa que interfira no processo de trabalho de alguém não é bom, foi péssimo. Ele não é muito bom-caráter, não”, declarou o ator.
Stênio e Abreu também teriam protagonizado uma rixa antiga, por conta de um relacionamento do artista com Cleyde Yáconis, que era grande amiga do autor. “Se ele procura tirar medidas sobre a pessoa que está trabalhando ao lado dele, não é boa pessoa, não quero confabular nada sobre ele. Descobri depois que ele misturou coisas pessoais com profissionais, e isso não gosto, não. Ridículo, muito bobo”, disse Garcia.
O eterno Bino de “Carga Pesada” ainda lamentou que atores mais velhos tenham encarado dificuldade em escalações para trabalhos. “O veterano é o que aprendeu mais, o que mais observou da vida, tem uma reserva muito grande de conhecimento. Não acho isso bom, não [falta de oportunidades]. O mercado tem que ser para todos. Existe muito esse conceito de que você tem que ser jovem para trabalhar na televisão, mas o ator nunca é velho. Eu quero continuar a trabalhar, porque o trabalho me alimenta, eu me sinto vivo trabalhando. Se é que eu faço história, eu quero continuar”, desabafou o artista, que completou 90 anos no mês passado.
“A Globo foi um mercado de trabalho maravilhoso para mim, ela te dá todas as condições, possibilitou estudar, pesquisar, fornece todo o material para isso. É uma empresa que procura contribuir com o resultado das pessoas que trabalham com ela. Gosto muito da Globo”, elogiou ele. Antes da saída de Stênio, Glória Perez teria tentado ajudar o ator ao dizer que o escalaria para sua próxima novela das nove. No entanto, a pandemia acabou atrasando todos os planos. Neste momento, Garcia ainda não sabe se será mesmo escalado para “Travessia”, que é o novo projeto da autora.
Silvio de Abreu nega perseguição e aponta motivo para rejeição do ator
Após as falas de Stênio, Silvio de Abreu rebateu as acusações de ter perseguido o ator, mencionando que nem mesmo sabia das críticas feitas por Marilene. “Eu não tenho Instagram, nem Twitter, portanto não tinha como saber o que a senhora disse”, afirmou o autor em entrevista ao Notícias da TV neste sábado (21). “Essa história é completamente falsa. Nunca aconteceu”, completou.
De acordo com Abreu, a decisão sobre a demissão de Stênio não teria nem sido informada a ele. “Não cabia a mim contratar ou dispensar quem quer que fosse. Esse trabalho era do RH. Eu nunca fui consultado sobre a dispensa do senhor Stênio, e ele nunca me procurou enquanto eu estava no cargo para pedir nada ou falar que tinha recebido o aviso”, disse o autor.
Quanto à suposta rixa do passado, Silvio não escondeu sua opinião sobre a postura do ator, mas negou que isso teria atrapalhado algo no lado profissional. “Eu comecei a ler nos jornais e até em programas de TV que a dispensa teria sido uma vingança de minha parte pelo fato de, no século passado, ele ter sido um canalha com a grande atriz e minha amiga Cleyde. Realmente, a atitude dele foi horrível, mas eu não tinha e nem tenho nada com isso”, explicou. “Depois disso eu o escalei para dois excelentes papéis em Boca do Lixo (1990) e em Torre de Babel (1999), que ele desempenhou lindamente, porque talento não lhe falta”.
O ex-executivo da TV Globo ainda apontou uma atitude de Stênio que teria prejudicado a própria carreira dele na emissora. “Havia uma rejeição por parte dos autores e diretores, não contra o indiscutível talento dele, mas por alguma intervenção estética que ele havia feito no rosto prejudicando as feições. Quando a sua aparência voltou ao normal, eu o escalei em Deus Salve o Rei (2018), e ele fez um brilhante trabalho como o interventor”, revelou Abreu.
O dramaturgo também fez questão de expressar sua admiração ao trabalho de Garcia, criticando todo esse bafafá. “Nunca tive nem tenho nada contra o excelente ator Stênio Garcia, dono de uma carreira brilhante no teatro, no cinema e na televisão brasileira. Lamento profundamente que um talento tão grande desça tão baixo usando colunas de fofoca para acusar com uma calúnia descabida um profissional que sempre admirou e respeitou o seu talento”, alfinetou Silvio.
