O adolescente responsável pelo ataque à Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, nesta segunda-feira (23), teria agido sozinho. De acordo com o portal Metrópoles, o advogado dele, Antonio Edio, rebateu a versão dada pelas autoridades e negou que o aluno teve cúmplices na ação brutal.
Anteriormente, a Polícia Civil informou que o autor do crime teria comentado sobre o ataque em um grupo do aplicativo Discord. Logo, o jovem teria sido incentivado por outras pessoas que estavam no chat a seguir com o plano. Elas, por sua vez, apoiariam ataques similares e outros delitos. A polícia de SP investiga a plataforma com a ajuda do Laboratório de Crimes Cibernéticos do Ministério da Justiça.
“Isso não procede. Ele me informou pessoalmente que não participa de nenhum grupo nesse sentido. Se a polícia informou isso, tem que apurar através do inquérito”, declarou o advogado. Antonio acrescentou que o adolescente vinha sofrendo bullying há anos por ser homossexual e reagiu com o ataque.
“Ele não comentou [que faria o ataque] com ninguém, foi uma decisão dele, na mente dele, na visão dele, para tentar sair dessa forte pressão que ele sofria devido a esse bullying”, afirmou. Em uma coletiva com jornalistas na sede do 70º Distrito Policial (Sapopemba), onde o caso foi registrado, o advogado ressaltou que o estudante era “muito fechado” devido às ridicularizações às quais era submetido.
Segundo Antonio Edio, o responsável pelo atentado e a família dele solicitaram ajuda diversas vezes ao poder público para lidar com a questão do bullying. A família, entretanto, não teria conseguido o atendimento adequado. Por conseguinte, o advogado enfatizou que o Estado foi “omisso” com o caso e não só pode, como deve, ser igualmente responsabilizado pelo ataque.
Discord coopera com a polícia
Após ser citada nas investigações, a equipe da Discord se manifestou por meio de uma nota. “Estamos cientes do trágico ataque que ocorreu na escola em Sapopemba, em São Paulo, e temos cooperado com as autoridades, assim como fizemos desde o início deste ano para outras investigações, como na Operação Escola Segura”, informou o texto.
A plataforma também esclareceu que tem “políticas rigorosas contra atividades que promovam violência e ódio” e que conteúdos e comportamentos “potencialmente prejudiciais” são investigados, podendo levar ao banimento de usuários e a desativação dos servidores. Por fim, o time apontou que “99% dos usuários da Discord não violaram nossas políticas nos últimos 6 meses”.
Bullying
Jéssica Mattos, mãe de uma estudante, informou que além do bullying, o adolescente de 16 anos também apanhava de outros jovens e era constantemente humilhado. “Ele era agredido e os alunos filmaram um dos episódios em que ele apanhou dentro da sala de aula”, recordou a mulher. O autor dos disparos teria, inclusive, registrado uma ocorrência em 24 de abril, relatando as agressões e ameaças que sofria.
O boletim menciona que o jovem foi agredido por “diversos alunos”, não identificados, da Escola Estadual de Sapopemba. Alguns episódios foram registrados e postados nas redes sociais. De acordo com a denúncia, “a vítima (autor do ataque) tem muitas visualizações de tudo o que lhe acontece”. O B.O acrescenta que “as agressões sofridas pela vítima se generalizaram na internet, e foi percebido que os agressores ganharam muitos seguidores”. Por fim, o estudante confessou à polícia que “teme por sua integridade física e que as ameaças se espalhem”.
Uma professora da instituição, que pediu para manter sua identidade em sigilo, confirmou ao Metrópoles as importunações. “Ele era vítima de bullying, com base nesses vídeos. Tanto que o ataque, pelo que me falaram, começou dentro da sala de aula onde ele estudava”, salientou. A educadora afirmou ter escutado ao menos cinco disparos enquanto se preparava para começar seu dia de trabalho.
O ataque
Após a tragédia, a Polícia Civil afirmou que a arma usada no ataque, um revólver calibre 38, pertence ao pai do adolescente e é legalizada. Na ação brutal, uma aluna de 15 anos foi morta ao ser atingida por um tiro na cabeça. Outras duas meninas tiveram lesões na clavícula e no tórax. Um quarto estudante machucou a mão em um vidro ao fugir.
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