Caso Wesley Murakami: Paciente que teve rosto deformado diz que não conseguiu tirar todo o produto após 10 anos, e revela risco que correu

Caso Wesley Murakami: Paciente que teve rosto deformado diz que não conseguiu tirar todo o produto após 10 anos, e revela risco que correu


A empresária Cristina Alves, de 56 anos, contou que ainda sente dores mesmo dez anos após ter feito uma harmonização facial com o médico Wesley Murakami. O profissional foi condenado a mais de 9 anos de prisão por deformar o rostos de pacientes. Em entrevista ao g1 divulgada neste sábado (18), ela contou que ainda não conseguiu tirar todo o produto usado no procedimento.

De acordo com Cristina, ela levou três anos para reverter a maior parte das deformidades causadas por Wesley. “Não teve como retirar todo o produto do meu rosto, pois já estava muito profundo e a retirada poderia causar danos irreversíveis. Foi a pior situação de toda minha vida. É um pesadelo constante”, disse ela.

Há seis meses, ela fez uma ultrassom em que ainda é possível ver em seu rosto uma grande quantidade de polimetilmetacrilato (PMMA), produto usado na harmonização. “Precisei fazer uma lipoaspiração no rosto e depois outro processo cirúrgico para tirar o PMMA. Fiquei parecendo um monstro”, desabafou.

Rosto de Cristina Alves 10 anos após fazer o procedimento com o médico Wesley Murakami. (Foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal)

Segundo a publicação, ela pagou R$ 14 mil na época para fazer o procedimento, mas precisou desembolsar outros R$ 15 mil para tentar reverter a intervenção estética com um novo profissional. Cristina falou que fez a harmonização com Wesley por recomendação de uma amiga. Durante a sessão, ela chegou a sentir dores e pediu para o médico parar. Todavia, ele se negou a interromper.

“Quando olhei no espelho quase morri de susto. Cheguei em casa, ninguém acreditava no que estava vendo. Eu usava máscara de tanta vergonha que fiquei”, contou. A empresária, que mora em Goiânia, declarou que quando engorda um pouco, o rosto já muda a forma e o produto que ainda resta em seu rosto volta a aparecer. Ela também afirmou que sente dor quando suas bochechas são apertadas.

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Cristina, inclusive, chegou a questionar o médico sobre as complicações. Ele falou que ela precisava emagrecer para ter um efeito melhor, porque o PMMA era igual uma “massa de modelar”. “Fazia umas massagens no meu rosto doloridas demais. Quando chegava em casa estava do mesmo jeito. Até que cansei depois de dois meses, percebi que seria melhor procurar outro profissional para corrigir”, comentou.

Condenação

O médico Wesley Noryuki Murakami foi condenado pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) a 9 anos e 10 meses de prisão por lesão corporal contra pacientes. Segundo informações do jornal O Globo, Murakami foi acusado de deformar o rosto de oito mulheres e um homem, que o procuraram entre 2013 e 2018 para realizar o procedimento de harmonização facial.

Os pacientes entraram com ações na Justiça contra Wesley, alegando terem sido desfiguradas pelo médico. “Todo o acervo probatório corrobora que tiveram a integridade física ofendida, deformidades permanentes em razão da conduta ilícita praticada pelo acusado”, reforçou o juiz Luciano Borges da Silva, da 8ª Vara Criminal dos Crimes Punidos com Reclusão e Detenção, que trata do caso.

Ainda segundo o magistrado, Murakami sempre esteve ciente das consequências negativas dos procedimentos: “Durante anos, Wesley Noryuki Murakami da Silva realizou os procedimentos narrados na denúncia e pelas vítimas, a todo momento ciente dos resultados negativos, das dores experimentadas pelas ofendidas, dos transtornos, constrangimentos e deformidades que as atingiu. Mesmo assim, continuou praticando as condutas lesivas”.

Murakami foi acusado por oito mulheres e um homem de lesão corporal. #Anti-Hero (Foto: Reprodução/O Globo)

De acordo com o g1, a defesa de Wesley, representada pelo advogado André Bueno, afirmou que respeita a decisão do Poder Judiciário, mas que adotará as medidas judiciais cabíveis ao caso. Bueno também informou que o médico responderá ao processo em liberdade. A defesa não se posicionou especificamente sobre o caso da Cristina.



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