Amiga sequestrada com Marcelinho Carioca revela por que bandidos gravaram vídeo e conta como sequestro começou: ‘Receberam um áudio’

Amiga sequestrada com Marcelinho Carioca revela por que bandidos gravaram vídeo e conta como sequestro começou: ‘Receberam um áudio’


Tais Alcântara de Oliveira, mulher que foi sequestrada com Marcelinho Carioca no domingo (17), negou ter um relacionamento com o ex-jogador de futebol. Em entrevista ao g1, nesta quarta-feira (20), ela explicou que foi obrigada a usar tal argumento no vídeo que repercutiu na internet, apontando seu ex-marido, Márcio Moreira, como mandante do crime.

Segundo a vítima, os criminosos forçaram ela e o ex-atleta a fazerem a gravação, quando notaram que poderiam ser pegos. “Eu não tenho nenhum relacionamento com o Marcelinho. Nunca tive. A nossa relação é de amizade mesmo. Eu estou separada do Márcio. A gente mora em casas separadas, não estamos convivendo, apesar que ainda não saiu o divórcio. A gente continua casado no papel ainda”, esclareceu.

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No registro, Marcelinho diz que conheceu Tais em uma festa e que ela era uma mulher casada. Ele prosseguiu, alegando que o marido teria descoberto a suposta traição e os sequestrado. “O helicóptero começou a sobrevoar e eles começaram a se desesperar e falando que ‘deu ruim para eles’, que a casa caiu. Receberam um áudio de uma pessoa falando que era para fazer um vídeo fake, porque se a casa deles caiu, a nossa tinha que cair também. Então, era para inventar uma história do marido que sequestrou, que saiu com mulher casada. Uma pessoa ficou atrás segurando a coberta e outra ficou apontando a arma”, recordou a mulher. Assista ao momento:

O sequestro

Tais é funcionária da Secretaria de Esportes de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, onde Marcelinho foi secretário até janeiro deste ano. Horas antes do sequestro, ela enviou uma mensagem para o craque questionando se ele tinha ingressos para um show que aconteceria em Itaquera, Zona Leste de São Paulo.

[Queria ver] se ele conseguia uns convites para o domingo, e aí falou que só conseguia levar para mim se fosse à noite, porque no outro dia ele tinha outra coisa para fazer. Eu falei que não tinha problema. Ele me ligou quando estava chegando e desci para pegar os ingressos”, contou a vítima.

Ela destacou que entrou no carro de Carioca com receio dele ficar parado no bairro. “Ele não queria ficar parado [no bairro]. Ele ia passar as coordenadas do show, qual o portão eu poderia entrar, com quem eu iria falar. A gente deu uma volta de carro no quarteirão e, assim que a gente estava chegando, ele avistou três caras vindo em direção ao carro. Eu falei que eu ia sair [do carro] e ele disse para eu esperar. Mas eu abri a porta e os caras já nos abordaram falando para colocar a mão na cabeça”, lembrou.

Carro de luxo de Marcelinho Carioca foi encontrado em Itaquaquecetuba (Foto: Reprodução/Record TV)

“Ele (Marcelinho) desceu e disse que era o ex-jogador. Os caras não acreditaram. Colocaram ele dentro do carro e deram uma coronhada nele. Me colocaram no banco de trás apontando o revólver para a minha cabeça”, acrescentou Tais.

Cativeiro

Os dois foram levados para uma casa em Itaquaquecetuba (SP), onde foram mantidos por mais de 40 horas, segundo as autoridades. A vítima revelou que ela e Marcelinho ficaram em um cômodo olhando para a parede, e recebiam comida e água dos criminosos. Quando queriam ir ao banheiro, eram acompanhados por alguém do grupo.

Além disso, a dupla era constantemente questionada sobre os valores que tinham na conta bancária. “O tempo todo eles pediam só para passar senha de pix, essas coisas. Eles pegaram meu celular, provavelmente devem ter olhado o banco e vendo que não tinha saldo, estavam pedindo mais para o Marcelo. O Marcelo falou que era ex-jogador e eles começaram a investigar nas redes sociais. Entraram na minha rede social, entraram na rede social do Márcio, para saber quem a gente era. A todo momento, falavam que iam nos libertar, que era pra gente aguardar um pouco”, detalhou Tais.

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Foram feitas várias transferências para as contas dos bandidos. Enquanto isso, um policial militar suspeitou de um carro de luxo parado no bairro e ao pesquisar sobre o dono, chegou ao sócio de Marcelinho. “Fiquei o tempo todo orando, pedindo para o Senhor me guardar, para guardar o Marcelo, guardar a nossa vida. É um momento muito angustiante”, desabafou a mulher.

Resgate

O ex-jogador e a funcionária foram encontrados pela Polícia Militar na segunda-feira (18), depois de uma denúncia anônima, que informou o endereço do cativeiro. Os agentes entraram no local, onde existem várias casas, e encontraram Marcelinho Carioca e Tais Oliveira em um dos cômodos.

“Quando o policial chegou, fiquei chorando. Eu estava em choque de ver que aquilo estava realmente acontecendo, porque não são todos que conseguem sair de uma situação dessa vivo”, confessou ela. Nesta terça-feira (19), a Polícia Civil indiciou seis pessoas por sequestro, extorsão, formação de quadrilha, roubo, lavagem de dinheiro e receptação. Quatro estão presas e duas sendo procuradas. A Divisão Antissequestro (DAS) de São Paulo ficou encarregada pelas investigações do caso.

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Por fim, Tais falou do trauma que ficou após o ocorrido. “Estou evitando de olhar as redes sociais. Já estou traumatizada com tudo que aconteceu todos esses dias, então não quero ficar mais traumatizada com as pessoas. As pessoas têm que começar a ver que existe uma família por trás, que existe uma vida por trás. Elas acabam te criticando, colocando você numa situação que você não é”, pontuou.

Ex-marido desabafa

Também ao g1, Márcio Moreira afirmou que sua vida “virou do avesso” após ser apontado como mandante do crime. “Pensa numa situação difícil que eu fiquei. Quando a gente anda com a verdade, a verdade é uma coisa poderosa. Quando você é verdadeiro, você não tem que temer nada. A gente sabe a minha índole. Aqui na cidade onde eu moro eu fui abraçado de uma forma inexplicável, porque ninguém apoia pessoas do mal, ninguém apoia bandido. E eles, sabendo da minha índole, fui super bem tratado nas delegacias. Já sabiam que eu não tinha nada a ver”, explicou.

Márcio é autônomo e trabalha com vendas. “Para você ter noção, eu estou há três dias sem trabalhar. A gente pode sair e vem um louco aí e confunde a gente: ‘Olha o menino ali, o sequestrador. Pode fazer maldade’”, preocupou-se. Ele revelou ainda que soube do desaparecimento da ex-mulher através do filho, no mesmo dia do sequestro.

Tais Oliveira ao lado do ex-marido, Márcio Moreira (Foto: Reprodução/g1)

“Achei estranho, porque a Tais nunca fez um negócio desse (desaparecer). Eu estava me preparando para ir para São Paulo, porque eu faço vendas. Fui para a casa para ficar com eles e estava vendo que estava acontecendo uma coisa estranha. Comecei a ficar preocupado. Fiz algumas ligações e não tive êxito”, narrou.

Moreira, então, compartilhou a foto de Tais nas redes sociais após não obter nenhum retorno sobre seu paradeiro. “Quando eu publiquei a foto dela, mais ou menos umas 11h30, começou a chover [comentários]. Parece que em questão de instantes minha vida virou do avesso. Foi quando descobriu que ela estava no cativeiro e começou o pessoal mandando mensagem, inclusive pessoas me xingando. Pessoas que eu nem conheço. Foi um transtorno pra mim total”, admitiu ao final.

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