Rodrigo Bocardi teria prestado serviços de consultoria, apresentação de eventos e media training para o Bradesco sem comunicar a Globo. De acordo com a Outro Canal, coluna da Folha de S.Paulo, empresas ligadas ao jornalista emitiram notas fiscais de prestação de serviço para o banco entre 2017 e 2023. Questionado sobre o caso, o Bradesco declarou que “por uma questão de respeito aos direitos individuais, o banco não comentará o assunto”.
A Globo, por sua vez, informou que não irá se manifestar sobre o caso, além do comunicado oficial sobre a demissão do apresentador. “A empresa não comenta decisões de compliance”, dizia a nota.
Segundo a coluna, documentos comprovam que uma das empresas ligadas a Bocardi, a Boc Produções e Palestras, emitiu quatro notas fiscais entre 2017 e 2019, totalizando R$ 322 mil. Em 2019, essa empresa foi renomeada para Diglon Produções. Os registros indicariam que Bocardi prestou serviços para a UniBrad, a Universidade Corporativa do Bradesco, além de produzir conteúdos internos direcionados aos clientes do banco.
Já entre 2021 e 2023, outras três notas fiscais foram emitidas para o Bradesco, somando R$ 432 mil, desta vez para serviços de consultoria e media training. O pagamento foi feito por meio de outra empresa da qual Bocardi seria um dos sócios.

De acordo com as investigações, uma empresa ligada ao jornalista preparou executivos e entrevistados do Bradesco para falarem melhor com clientes, eventos e entrevistas. Seus superiores na Globo só tomaram conhecimento da situação após a apuração conduzida pelo setor de compliance da emissora.
“Os integrantes da Globo não devem exercer atividades, remuneradas ou não, em organizações que tenham objetivos conflitantes com as diretrizes e os princípios estabelecidos neste Código ou tenham relação comercial com qualquer empresa, cuja contratação pelo Grupo Globo seja de responsabilidade direta ou indireta do integrante em questão, ou ainda que, por outros motivos, possa configurar conflito de interesses”, diz trecho do código da empresa.
O caso lembra a saída do jornalista Dony de Nuccio da Globo, em 2019. Na época, ele deixou a emissora após ser revelado que sua empresa, a Primetalk, realizou serviços para o Bradesco sem informar previamente seus superiores.
Bocardi foi desligado da Globo por recomendação do compliance da empresa, após uma investigação interna que apontou quebra de conduta ética.
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