Risada, deboche e confissões: os grampos inéditos que condenaram Robinho por estupro; ouça

São mais de dez horas de escutas que se tornaram as principais provas no processo que acabou na condenação dele. Sem saber que estava sendo grampeado, no dia 24 de abril de 2014, o atleta conversou com Ricardo Falco, amigo de Robinho e também condenado no caso, sobre como responderiam à acusação de estupro. “A mina sabe que tu não fez porr* nenhuma com ela. Ela é idiota? A gente vai dar um soco na cara dela. Tu vai dar um murro na cara, vai falar: ‘Porr*, o quê que eu fiz contigo?‘”, disse. “Tem que ver quem transou com ela e como que era o estado dela. Ela tava muito louca“, afirmou em outro trecho.

“Eu comi a mina, ela fez chupeta pra mim e depois saí fora. Os caras continuaram lá“, confessou Robinho. Em outro momento, o ex-jogador do Milan se mostrou preocupado com o vazamento da história. “C*ralho, se esse bagulho sai na imprensa, vai me f*der“, comentou. As falas são impactantes. Em um ponto das conversas, obtidas em 3 de janeiro de 2014, Robinho falou com um amigo chamado Jairo e disse que a moça estava em estado de completa vulnerabilidade. “Por isso que eu estou rindo, eu não estou nem aí. A mina, a mina estava extremamente embriagada, não sabe nem quem que eu sou“, debochou.

Robinho também confirmou que viu os amigos fazendo sexo com a vítima que acusou o grupo de estupro. “Os moleques que estão f… Olha como Deus é bom. Eu nem toquei na menina, agora eu vi o Rudney rangando ela, e os outros caras rangando ela. Então os caras que rangaram ela vão se f*oder“, alegou. “Se ela for acusar, ela vai acusar o Claytinho que tocou nela. De resto, ninguém tocou nela“, acrescentou.

Conversa com Ricardo Falco

Em outra conversa entre Robinho e Falco, ele continua alegando que não conhecia a vítima, além de planejar o que ia dizer caso a polícia o chamasse para depor na época. “Primeiro, o bagulho foi há um ano. Segundo: não toquei nem nessa menina. Quem tocou nela está lá no Brasil. Vai atrás do pessoal que está lá no Brasil. Ah, quer ir atrás dos caras, pô, vai lá no Brasil lá, irmão. Vai lá no Brasil. O importante é que eu nem conheço essa mina, nem conheço ela. Vê se ela tem meu telefone, se ela já me beijou. Nem conheço“, declarou.

Neste momento, o brasileiro demonstrou preocupação com a possibilidade da imprensa ficar sabendo sobre o caso. “Mas não vai dar nada. Agora se sair no jornal, vou apelar com esses caras“, apontou. “Ninguém vai dizer que vocês fizeram porr* nenhuma com a mina, nem tu (Falco) nem o Jairo. Pros moleques vai, pro Seu Claytinho, pro Seu Galan, pro Seu Alex. O Galan não, ele não fez nada, mas se a mina botou o nome dele, vou fazer o quê? Agora Claytinho, Rudney e Alex, tá morto (sic)”, garantiu o ex-atleta.

Enquanto prestava depoimento, Falco foi questionado sobre o envolvimento do atacante no estupro e alegou que o amigo não praticou qualquer crime. “Não, ele (Robinho) estava na festa, no local, mas e daí? Estava lá participando da festa, no samba, mas não tem nada a ver, não sabe nem quem é“, sustentou a versão.

Robinho questiona o rumo da investigação

Ao final da reportagem, o UOL compartilhou o momento em que Robinho falou com Alex, o terceiro amigo envolvido na noite do estupro. Preocupado, o ex-atacante questionou os próximos passos da investigação. “E agora? Vai entender se a mina teve filho ou não, ninguém sabe se ela teve, se ela não teve, a polícia não vai falar“, sinalizou. Alex respondeu dizendo que se a vítima não tivesse um filho, seria a palavra dela contra a deles. Antes de encerrar a chamada, o brasileiro afirmou que a parte boa era que o local onde tudo aconteceu não tinha câmera.

“O cara que o Jairo contratou falou assim, que a única coisa boa é que os caras estão lá no Brasil e na discoteca não tinha câmera, porque se pegasse a câmera, os cara iam pegar eles até no Brasil. Como não tinha câmera, vai ficar meio embaçado pra mina provar que estupraram ela se ela não tiver grávida“, ressaltou.

De acordo com o UOL, Robinho e os outros denunciados foram procurados, mas não se pronunciaram para comentar o conteúdo usando pela Justiça da Itália no processo. Confira o podcast completo:

O caso Robinho

O atleta foi condenado a 9 anos de prisão pelo estupro de uma mulher de 23 anos. O crime aconteceu na casa noturna Sio Café, em Milão, na Itália, em 2013, na noite em que a vítima estava comemorando o seu aniversário. Além de Robinho, Ricardo Falco, Fabio Cassis Galan, Clayton Florêncio dos Santos, Alexsandro da Silva e Rudney Gomes da Silva, todos amigos do atleta, também foram acusados pela vítima. Na época, Robinho jogava pelo Milan e negou envolvimento no caso.

O ex-jogador e Falco foram condenados, mas os outros quatro amigos escaparam do julgamento porque deixaram a Itália logo após o crime. O UOL revelou que conversou com a vítima dez anos após o caso. Ela se formou em Direito e pretende atuar na defesa de mulheres vítimas de violência sexual. No entanto, a moça pediu para não ter a identidade revelada, além de preferir não dar entrevista.

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