Mais de um mês sem Instagram

Se você costumava acompanhar minhas peripécias no perfil pessoal que tenho no Insta, deve ter notado que há tempos não apareço por lá. Aliás, melhor dizendo: suspendi minha conta há mais de um mês e, depois de um retorno relâmpago para falar do Oscar 2023, fiz isso novamente. Assim, sem a menor dor no coração. E hoje quero contar o porquê e como tem sido minha vida sem Instagram, algo quase impensável nos tempos de hoje.

sem instagram

Por que ficar sem Instagram?

Já fazia tempo que eu vinha notando o quanto a plataforma – que constantemente muda a forma de apresentar conteúdo ao usuário – drenava meu tempo. Porém, essa sensação se intensificou com o quadro de depressão que tive no início desse ano. A sensação que tinha era de que, para não focar no vazio que estava sentindo, me enchia de coisas aleatórias que me eram sugeridas pelo algoritmo sem nem ver a hora de parar.

Uma vez vi naquele documentário O Dilema das Redes, na Netflix, que as redes sociais funcionam no nosso cérebro como se fossem máquinas de caça-níquel. Você fica pela antecipação do resultado e as emoções que isso traz à tona. A cada rolagem de feed, existem infinitas possibilidades de conteúdo. Isso, de certa forma, vai condicionando a gente a permanecer, na esperança de ver algo surpreendente, divertido, prazeroso.

O grande problema é que tem de tudo na internet. E eu, honestamente, perdia muito tempo vendo bobagem – ou, pior: coisas que mexiam negativamente comigo, por variadas razões. Entrava em cada buraco que olha… Melhor nem comentar. Podia ter passado bem demais sem ter sido exposta a nada daquilo.

Sabe quando você está vivendo um dia normal e, do nada, se sente triste ou chateada como se algo tivesse acontecido, mas pensa bem e vê que não rolou nada? Então. Colocando a depressão à parte, eu já me percebi assim muitas vezes e foi somente depois de muito analisar que notei a relação direta com o que tinha visto no meu celular.

Nem tudo que a gente consome na internet é escancaradamente nocivo. Isso depende muito da nossa individualidade também. Algumas vezes, a sensação estranha tinha origem num conteúdo absolutamente normal. Era algo muito sutil, que eu só percebi porque tenho o costume de conversar comigo mesma. Reparei que o incômodo era meu e, muitas vezes, fruto da comparação.

Esse tema, aliás, é muito abrangente. O que posso dizer é que se faz necessário um trabalho interior bem aprofundado para que possamos fazer as pazes com a gente mesma, com as nossas escolhas, com a nossa vida em geral. Tá tudo bem você admirar as pessoas e buscar o que funciona melhor para si mesma. Mas só sentir inferior e – pior – usar a vida do outro para cutucar a ferida não é nada saudável. É um sinal de alerta.

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E como é a vida sem Instagram?

Eu estou no caminho. Vejo ainda não estou preparada para acabar esse período sem Instagram, ainda que isso me custe as coisas boas que a plataforma proporciona. Acabei me afastando das pessoas com as quais interagia normalmente – no caso, meus amigos e família. Também vejo menos notícias e ando meio por fora do que está acontecendo. Além disso, como criadora de conteúdo no Coisas de Diva, perco a oportunidade de ver outros trabalhos legais que podem me inspirar.

Faz parte – continuo em paz com a minha decisão. Não posso afirmar que isso resolveu minha ansiedade, sensação de vazio ou qualquer coisa do tipo. Claro que não. É um processo e envolve muitas outras coisas também. Até porque, de início, me peguei fazendo a mesma coisa de antes, só mudando de endereço (ou seja, em qualquer outra rede social).

Foi ao me expor a conteúdos mais controláveis, digamos, que eu passei a ter um entretenimento mais saudável. Hoje, tenho visto mais Youtube do que nunca. E estou mais atenta a hora de parar. Como os vídeos de lá são mais longos, fico mais tempo assistindo e parece que as coisas têm início, meio e fim – ainda que haja a tentação de ver o próximo conteúdo indicado, o que percebo estar controlando muito melhor.

Enfim, ainda tenho um baita trabalho pela frente. Tenho saudade de postar uma coisinha ou outra no Insta de vez em quando? De ver como anda fulano ou ciclano? De dar risada com um meme? Tenho. Sei que, eventualmente, vou voltar. Porém, vai ser uma decisão bem amadurecida dentro de mim. Aí sim usar o aplicativo vai ser, de fato, divertido novamente.

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