Câmeras de segurança mostram primeira discussão e novas agressões de ex-atleta a entregadores no RJ

Câmeras de segurança mostram primeira discussão e novas agressões de ex-atleta a entregadores no RJ


No início da semana, uma mulher identificada como Sandra Mathias Correia de Sá agrediu um grupo de entregadores em São Conrado, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro. Max Angelo dos Santos, uma das vítimas, levou socos e foi chicoteado com uma guia de cachorro pela professora e ex-atleta de vôlei. Nesta quinta (13), a TV Globo divulgou novas imagens das câmeras de segurança que mostram uma discussão entre os dois, cinco dias antes das agressões.

No registro, a mulher aparece passeando com o cachorro, por volta das 22h30, no bairro nobre carioca. Então, Max passa de bicicleta pela calçada e a professora gesticula, dizendo algo para ele. “Ela me chamou de ‘preto da favela’, me chamou de marginal… Insinuou até que eu tenho uma quadrilha”, revelou o trabalhador sobre o momento ao RJTV. Posteriormente, ele registrou o caso na delegacia como injúria.

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No domingo de Páscoa (9), as agressões se repetiram. Desta vez, Sandra chegou a partir para cima de Santos e de outra entregadora que também trabalhava no local, Viviane Maria Souza. Em novas imagens, também divulgadas pela TV Globo, é possível observar que a ex-atleta agrediu os dois, de forma ainda mais ostensiva. No vídeo, a mulher passa em frente ao ponto em que os trabalhadores estão e começa a discutir com Viviane. Minutos depois, ela chega perto da moça e dá o primeiro tapa. Em seguida, outro.

“Ela começou a me xingar e começou as agressões dela. Foi onde eu me defendi. Aí eu peguei ela com a perna e ela me mordeu… Eu falei pro Max: ‘tira ela de mim, me ajuda, eu não quero brigar’”, disse a entregadora, que ainda mostrou os hematomas sofridos por conta da situação. “Tenho machucados na perna, dor nos ossos e a mordida dela que ela deu em cima do meu enxerto, de um machucado que eu sofri no passado. Ela mordeu em cima”, complementou.

“Eu não tenho vontade de fazer mais nada. A minha vida é chorar, ficar trancada no quarto, é aquela depressão, um filme que vai passando na cabeça. Essa cena não sai da minha cabeça, não sai. Não estou me vitimizando, apenas falo o jeito como eu me sinto. Não me sinto bem mais”, finalizou ela, comovida.

Na sequência, Sandra Mathias vai até Max e também o agride. As novas cenas mostram que o entregador tenta se defender, mas ela o acerta com três socos nas costas. Logo depois, a professora tira a coleira do cachorro e a usa como um chicote para bater quatro vezes no homem. “Falou que eu era um preto favelado, marginal, que aqui só para marginal… Sendo que é ela quem sai do prédio dela, passa aqui e fica tentando prejudicar a vida dos outros”, expressou ele. “A gente acha que nunca vai acontecer com a gente, mas quando a gente sofre é diferente. Você fica com raiva, você não consegue achar uma explicação para aquilo”, acrescentou.

Em entrevista ao g1, Max fez mais um desabafo. “Parecia que ela estava chicoteando um escravo que não fez o serviço direito. Mas eu não sou escravo, entendeu? O tempo da escravidão já acabou”, declarou ele, que ainda destacou que não teve mais condições de trabalhar. “Essa é a minha única fonte de renda… É como eu pago o aluguel, pago a pensão dos meus filhos”, lamentou.

“Ainda estou tentando absorver tudo. Teve uma hora que eu desabei e chorei. A minha mulher tentou me acalmar… Se não denunciar, vai continuar acontecendo. Aconteceu com outras pessoas aqui, e eles não levaram à frente. Mas eu vou. Isso não pode acontecer”, concluiu Max.

Segundo a TV Globo, Sandra Mathias foi intimada a depor na polícia na quarta-feira (12), contudo, não compareceu. Roberto Duarte Gutter, seu advogado de defesa, entregou fotos que mostram que ela está com hematomas pelo corpo e apresentou um atestado médico válido até domingo (16). O Ministério da Igualdade Racial questionou o governo do estado do Rio, a prefeitura, o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Assembleia Legislativa sobre a apuração do caso.

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